sábado, 23 de maio de 2015

Entrevista com Thomas Zwijsen




- OLÁ, THOMAS! COMO VAI VOCÊ? SEJA BEM-VINDO AO ROCK MANIA!
- Olá, tudo bom, e você? Muito obrigado, eu estou muito bem e animado para esta entrevista.
  
- VOCÊ RECENTEMENTE ESTEVE EM TURNÊ COM BLAZE BAYLEY, QUE TAMBÉM PASSOU PELO BRASIL. COMO FOI ESSA TURNÊ?
 - Foi realmente muito legal, foi a terceira vez que eu realizei uma turnê no Brasil. A receptividade do público é sempre muito boa no Brasil. É realmente o melhor país no mundo para se apresentar ao vivo. Eu fiz um vídeo legal da turnê, e está no youtube, quem quiser ter uma ideia de como foi a turnê pode assisti-lo, eu dei o nome de “Ride 666”, em alusão ao “Flight 666” do Iron Maiden. Mas nós infelizmente viajamos de van e não em um boeing. Então, eu fiz um pequeno documentário dessa turnê, que foi muito legal, e serviu para eu apresentar meu novo cd ao público brasileiro.
Entrevista com Thomas Zwijsen

- VOCÊ TRABALHOU COM BLAZE BAYLEY NO DISCO "THE KING OF METAL". COMO FOI ESSA EXPERIÊNCIA?
 - Bom, foi uma experiência muito legal, é claro! Eu conheci Blaze alguns meses antes de gravar o “The King Of Metal”, quando eu estava gravando meu primeiro álbum “Nylon Maiden”, e eu pedi para Blaze ser o convidado no álbum para gravar The Clansman. Então eu o convidei para vir ao meu estúdio na Holanda, que é onde eu moro. A esposa dele é belga, então fica bem perto de minha casa. Então quando ele estava visitando sua família veio até meu estúdio, e nós nos demos muito bem, gravamos Clansman e ele gostou muito. Alguns dias depois eu estava comemorando a noite de ano novo, então é claro, eu estava bebendo e festando, então Blaze me ligou e disse: “Eu realmente gostei de estar no estúdio com você. Você pode vir à Inglaterra, para trabalhar no ´King Of Metal`?” Então, é claro que eu fiquei muito feliz e viajei para a Inglaterra e nós compusemos o álbum em sua casa em Birmingham. Então nós viajamos para a Itália e gravamos a maioria das músicas, e depois nós viajamos para a Holanda e gravamos mais algumas músicas...

E o mais legal de tudo foi que ao final da gravação do álbum, nós não tínhamos mais dinheiro para finalizá-lo. Então nós ligamos para Steve Harris, e ele disse: “É claro que vocês podem usar meu estúdio”. Então nós fomos até a casa de Steve Harris na Inglaterra, e usamos seu estúdio para terminar a mixagem do álbum, com Tony Newton, que também trabalha como engenheiro de som do Iron Maiden. Então nós finalizamos o álbum na casa de Steve Harris, o que para mim era como um lugar de peregrinação, e foi muito legal ter feito isso lá.




- QUANDO VOCÊ COMEÇOU A TOCAR AS MÚSICAS DO IRON MAIDEN NO VIOLÃO?
 - Quando eu estava na faculdade eu estudei violão clássico. Mas eu estava um pouco entediado com o repertório das aulas, porque elas têm muitas músicas antigas, que servem para melhorar a técnica, mas não são muito legais para se ouvir, na minha opinião. Eu era um grande fã de Iron Maiden, que se tornou minha banda preferida desde o momento em que a conheci. Então um dia, quando eu estava em uma loja testando um violão com cordas de nylon. Eu toquei a intro de Wasted Years, então eu pensei que poderia fazer uns arranjos nas bases e tocar músicas inteiras com apenas um violão. E deu certo, eu botei um vídeo no youtube, e ele teve muitos views, e eu nunca tinha publicado nada no youtube antes, e foi muito legal o feedback que eu tive dos fãs do Iron Maiden. E é uma coisa nova, ninguém fez isso antes. E isso acabou trazendo os jovens para os concertos, que geralmente atraem somente as pessoas mais velhas. E hoje em dia estou com mais de seis milhões de views no youtube, então eu creio que foi uma boa escolha.


- VOCÊ JÁ TRABALHOU COM ALGUM OUTRO MEMMBRO OU EX-MEMBRO DO IRON MAIDEN?
- Eu iria recentemente para São Paulo tocar com Bruce Dickinson no LAMEC (Latin America Meeting & Events Conference), eu havia sido convidado para abrir o show de Bruce, no mesmo palco, então eu estava muito empolgado por voltar ao Brasil para fazer isso... Mas, dois dias antes do evento, os organizadores me ligaram e falaram que Bruce infelizmente estava no Hospital, e sua apresentação havia sido cancelada. E agora nós sabemos que é por que Bruce está lutando contra um câncer, e as notícias são boas, de que ele está se recuperando muito bem, e eu tenho certeza de que ele ficará ótimo. Mas é claro, eu fiquei muito triste, pois poderia me encontrar com meu herói, e tocar para ele. Mas então, eu nunca toquei com outros membros do Iron Maiden, apenas com membros do Europe, Dream Theater, Ayreon e outras bandas mais.

 

- QUANTOS DISCOS VOCÊ JÁ GRAVOU? NOS FALE SOBRE ELES...
 - Ok, deixe-me pensar... Eu vou falar cronologicamente para ficar mais fácil. O primeiro foi Nylon Maiden, um disco somente com músicas do Iron Maiden, em que eu fiz os arranjos para o violão clássico. Eu tive alguns músicos convidados nesse álbum, como Blaze Bayley e Tony Newton, baixista do Voodoo Six. Então, esse disco tem grandes hits do Iron Maiden, músicas como The Trooper, Aces High e Wasted Years. Depois eu lancei um livro de tablaturas, com um EP bônus, chamado Fear Of The Opera, em que mesclei os nomes das músicas Fear Of The Dark e Phantom Of The Opera para o título. São apenas 4 músicas.

Depois lancei um vinil com duas músicas: The Evil That Men Do e Run To The Hills. Isso tudo porque eu queria ter um vinil, pois acho muito legal. E depois disso eu lancei Nylonized, que não tem apenas músicas do Iron Maiden, mas também músicas do Dream Theater, Rainbow, Deep Purple e Alice Cooper, bandas que eu realmente gosto. Então eu convidei vários músicos, como Derek Sherinian, que já tocou teclado para o Dream Theater, Billy Idol, Alice Cooper e Kiss. Ele é um dos meus ídolos na música, seu trabalho solo é muito legal, é um músico bastante progressivo. Ele tocou piano no meu disco. Chamei também Kee Marcello, da lendária banda Europe, que muita gente conhece apenas a música The Final Countdown. Ele gravou a guitarra solo no final do álbum. E tem o vocalista Damian Wilson, da banda de metal progressivo Threshold. Ele também cantou no projeto de metal opera Ayreon, juntamente com Bruce Dickinson. Ayreon é um projeto de metal opera de Arjen Lucassen. Também canta no álbum David Readman, vocalista do Pink Cream 69, uma banda alemã de hard rock. Também contou com Ben Woods, um violonista flamenco de Los Angeles, que eu irei sair em turnê novamente este ano.

Então este é um disco com diferentes estilos musicais, de diferentes bandas e também com minhas próprias músicas. A música mais legal é Perfect Storm, uma flamenco metal opera de nove minutos, com todos os convidados nessa canção. E depois disso tudo eu lancei, recentemente, Nylon Maiden II, novamente com músicas do Iron Maiden e algumas músicas próprias. As músicas do Iron Maiden que escolhi não são grandes hits, mas são as que eu mais gosto, como Journeyman, Alexander The Great, These Colours Don’t Run, Different World, Revelations, que são minhas favoritas. E entre todos esses trabalhos eu também gravei The King Of Metal com Blaze, e mais o EP acústico Russian Holiday, que tem uma música inédita, a própria Russian Holiday.

E tem a Sign Of The Cross, a Stealing Time e outras músicas já gravadas por Blaze. Nós fizemos arranjos com violino, com a holandesa Anne Bakker, que também fez uma turnê com a gente pelo Brasil, e os brasileiros gostaram muito dela.


 
- QUANDO VOCÊ COMEÇOU A TOCAR? ESTUDOU BASTANTE?
 - Meu pais me botaram numa escola de música quando eu tinha 9 ou 10 anos de idade. E eu realmente não gostava muito daquilo. Mas quando eu comecei o colegial eu tocava Iron Maiden no violão, e eu tinha um professor legal, que me mostrou algumas músicas flamencas, latinas e também brasileiras, como Tom Jobim, Benito Di Paula e Villa Lobos. Então eu realmente comecei a gostar de violão clássico, e passei a tocar bastante. Também comecei a tocar guitarra em uma banda de heavy metal. Então eu comecei a estudar bastante quando eu tinha uns 16 anos de idade. Antes eu tocava, mas não gostava muito. E meu pai fazia, ele mesmo, violões clássicos, então eu podia escolher entre vários violões em minha casa, e sempre tive violões bons para tocar, e isso é importante na minha opinião.


- VOCÊ NASCEU NA BÉLGICA E VIVE NA HOLANDA. POR QUE ESSA MUDANÇA DE PAÍS?
 - Não é bem uma mudança de país, pois é como se fosse um país apenas, Bélgica e Holanda. E eu vivo bem perto da fronteira. Todos os dias eu atravesso a fronteira. Quando eu vou tomar uns drinques, atravesso a fronteira, quando volto para casa, atravesso novamente. Eu nasci na Bélgica e vivo na Holanda, mas eu sinto como se fosse apenas um país. 

- QUAIS SÃO SUAS MAIORES INSPIRAÇÕES MUSICAIS?
 - Eu tenho várias, mas nesse momento, a maior de todas é Vicente Amigo, um violonista espanhol, que toca música flamenco, mas não a tradicional. Ele toca a música flamenco misturada com jazz, com música latina e irlandesa. Ele utiliza em suas músicas instrumentos como violino e flauta. Ele tem um disco muito legal chamado Tierra, seu mais recente álbum. É tão bom que eu escuto todos os dias, e nunca me canso. Além disso, eu gosto de algumas bandas de heavy metal, como, é claro, Iron Maiden. E também gosto muito do trabalho solo de Bruce Dickinson, de Dream Theater, Helloween, Edguy, Avantasia... E Deep Purple, é claro, que é uma de minhas bandas preferidas. Steve Morse é um dos melhores guitarristas que eu já vi tocar.
  

- COMO VOCÊ VÊ A CENA DO ROCK ATUALMENTE, AO REDOR DO MUNDO?
 - Ao redor do mundo eu vejo muitas diferenças, como entre a Europa e o Brasil. No Brasil o Iron Maiden continua sendo mainstream. Você pode ouvir Iron Maiden no rádio. Ou quando você sai na noite e vai a um clube, como o Manifesto, em São Paulo. No Rio de Janeiro você pode ir ao Teatro Odisseia, em Pomerode tem um clube muito legal, o Wox. São lugares que tocam rock e heavy metal. Na Europa os clubes tocam músicas de merda como Kanye West e Rihanna, essas porcarias. O legal na Europa é que temos clubes no underground, eles não são muito famosos, e são locais menores, mas os fãs acham muito legal. Os lugares que mais gosto de tocar na Europa são Alemanha, República Tcheca e Bulgária. E é claro, como eu toco violão clássico, posso tocar em lugares como teatros ou bares de jazz, ou seja, tenho mais opções do que apenas os clubes de rock.

 - NOS FALE SOBRE MOMENTOS INESQUECÍVEIS EM SUA CARREIRA...
 - Tem alguns shows, especialmente no Brasil, que são inesquecíveis para mim. Minha primeira turnê aí foi muito legal, eu nunca tinha visto fãs tão loucos antes. Em Vitória, onde foi um dos meus primeiros shows no Brasil, os fãs vinham ao hotel me trazer presentes, pedindo autógrafos. Em Santo Ângelo toquei um show acústico para mais de mil pessoas, o que na Europa provavelmente não seria possível. E tive muitos outros shows inesquecíveis, como o de lançamento de meu álbum em Dubai, nos Emirados Árabes, que é um lugar bastante surreal. E é claro, é inesquecível para mim ter tocado com todos esses músicos fantásticos que sempre fui fã, como Derek Sherinian, Blaze Bayley, Kee Marcello... Isso com certeza é inesquecível! Também foi inesquecível ser convidado pela Ortega Guitars, uma marca alemã, para ir a sua fábrica testar seus violões e guitarras e escolher o que eu mais gostasse. E eles me pegaram como endorser, então posso utilizar seus violões, e levá-los comigo ao redor do mundo, e conhecer pessoas fantásticas. Tudo isso é inesquecível!


- O QUE VOCÊ MAIS GOSTA NO BRASIL? SUA NAMORADA VIVE AQUI...
- Sim, sim... Eu acho que todos sabem que as garotas brasileiras são muito bonitas. E essa também é uma diferença entre a Europa e o Brasil. No Brasil, muitas garotas bonitas vão aos shows de metal. Na Europa, não vão muitas, e as que vão, não fazem o meu tipo, com todo respeito. Mas então, além disso, a comida no Brasil é maravilhosa, eu gosto muito de frutas. Eu gosto de tudo no Brasil, mas, exceto, eu odeio as estradas, elas são terríveis, muito perigosas.

- E VOCÊ VÊ SUA NAMORADA COM QUE FREQÜÊNCIA?
- Eu estive no Brasil em novembro, dezembro e janeiro. Agora eu estou na Europa, e eu acho que ela virá pra cá muito em breve. E eu vou voltar ao Brasil no final de maio. E vou fazer algumas apresentações aí novamente, e também algumas clínicas de violão.
  
- O QUE VOCÊ NÃO GOSTA NO MEIO MUSICAL?
 - Eu não gosto do fato de muitas pessoas acharem que a música e tudo tem ser de graça. Eu não me importo que elas pensem assim, mas elas não podem reclamar quando um artista para de lançar discos. Porque fazer um álbum é muito caro, você tem de pagar o estúdio, o engenheiro de som, a prensagem do disco, você tem de pagar licenças, você tem de pagar as plataformas digitais, como o iTunes, etc. Então algumas pessoas pensam que eu sou um mercenário quando eu cobro pela minha música, ou quando eu lanço livros de tablatura de minhas músicas. Algumas pessoas adoram, e compram os livros, e me enviam e-mails muito bacanas me agradecendo, e ficam realmente muito felizes.

Mas algumas pessoas comentam em meus vídeos no youtube: “Ei, você é um mercenário tentando ganhar dinheiro com essa música”. Bem, em minha opinião, você não vai a um supermercado e pede por comida de graça. Quando as pessoas realizam um trabalho, você geralmente paga por esse trabalho. Então, eu penso que com a música é a mesma coisa, pois você tem de trabalhar duro. Eu trabalho dia e noite nisso, praticando, gravando, marcando meus shows, dirigindo até os concertos, preparando vídeos para meu canal no youtube. É um trabalho muito difícil, e algumas pessoas pensam que isso tem de ser de graça. Eu acho que elas estão erradas, e por causa dessas pessoas alguns artistas deixam de gravar álbuns, porque eles não têm dinheiro para fazer isso. Até mesmo Blaze Bayley trabalhou em uma fábrica alguns anos atrás, porque ele não tinha mais dinheiro, pois as pessoas não pagam mais por música. É uma vergonha!


- QUAIS SEUS PRÓXIMOS PASSOS?
- Atualmente eu estou trabalhando em minha escola de violão online, que começou a cerca de um mês atrás. É a “King Of The Strings”, no site kingofthestrings.com. E eu estou fazendo um livro que ensina como tocar no meu estilo, tocar Rock em um violão. Então eu ensino as pessoas a tocar violão sem precisarem praticar aqueles tediosos exercícios de quinhentos anos atrás. E eu também estou trabalhando em um álbum de canções próprias, apenas músicas de minha autoria. E eu estou trabalhando na Master Guitar Tour, uma turnê que começou ano passado, juntamente com Ben Woods, um violonista flamenco de Los Angeles. Ele tem o projeto “Flametal”, que mistura música flamenca e Metal, onde ele toca músicas do Ozzy, do Megadeth, do Yngwie Malmsteen, no violão flamenco. E eu é claro, toco Iron Maiden, Dream Theater e Alice Cooper também no violão flamenco. E nós dois tocando juntos é um show acústico de Metal muito louco. Bem, são nessas coisas que eu estou trabalhando atualmente.

- THOMAS ZWIJSEN, MUITO OBRIGADO PELA ENTREVISTA E O ROCK MANIA FICA SEMPRE A SUA DISPOSIÇÃO!
- Ok, muito obrigado por esta entrevista, pelo tempo dado a mim e por todos os ouvintes do Rock Mania. Espero ver vocês novamente em breve no Brasil, muito em breve.


Originalmente Publicada no site Rock-Mania. 

Fotos: Maele Finger

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Virtual XI: Polêmico!

Após o The X-Factor, o Iron Maiden lançou em 1998 Virtual XI, o segundo e último cd com Blaze nos vocais. O CD, hoje em dia, é considerado por muitos fãs como o pior ou um dos mais fracos (a depender do ponto de vista) materiais que a donzela de ferro já lançou. 
Muitos culpam Blaze, dizendo que ele estava afundando a banda e o culpam pela sonoridade, direcionamento e composição do material, esquecendo que quem manda na banda é Steve Harris. 

Com o passar do tempo, o The X-Factor foi sendo reavaliado, ganhou status de cult para muitos fãs, não só do Maiden mas de Metal em geral, enquanto o Virtual continua sendo o patinho feio da discografia. Embora tenha muitos admirados e defensores, realmente o CD carece de "algo mais", seja brilho, composições com melhor estrutura e carece de inspiração. Realmente, as composições, principalmente as que levam a assinatura de Harris, mostram o inicio dos intermináveis refrões (como na insuportável "The Angel and the Gambler"), coisa que se tornou rotineiro no Maiden, mesmo com a volta de Bruce. 

Na época, as críticas foram bem divididas, e abaixo temos dois exemplos: a primeira foi publicada no Jornal Atarde (Ba) e a próxima na revista Rock Brigade. 

Com qual você concorda?

Jornal A Tarde - Cad3 24-05-1998

Rock Brigade 1998




Segue abaixo mais algumas resenhas, retiradas de alguns sites:



Iniciar uma matéria sobre o IRON MAIDEN falando de sua importância e qualidades é chover no molhado. Já, falar de seus problemas e momentos conturbados é garantia de polêmica. Talvez por isso mesmo alguns episódios por muitas vezes sejam deixados de lado e, consequentemente, mal analisados. Quando se trata então (e isso não vale apenas para o Maiden) de algum trabalho mal aceito, a certeza é de que muitas coisas não fiquem claras. Praticamente todas as bandas têm aquele trabalho "ruim", detonados diante da má aceitação do público e da crítica especializada. Mas, será que sempre é justo esse tipo de condenação? Pegando um exemplo do próprio Maiden, temos o álbum de estreia de Blaze Bayley nos vocais da banda, The X Factor. Em seu lançamento, fez com que os fãs torcessem o nariz e recebeu inúmeros ataques da mídia especializada. Porém, quase 20 anos após o seu lançamento, é admirado por muitos fãs e ganha ares de "cult".

Nota: 8

É fazendo essa breve comparação que inicio a análise de Virtual XI, que sem dúvidas é o álbum mais criticado da banda. Não irei ficar escrevendo sobre os problemas que a banda passava na época pois seria apenas remoer o que está disponível em diversos sites. Agora, se buscarmos críticas sobre o álbum de fato, veremos que muitas focam mais nos problemas internos que o grupo passava para justificar a análise, o que, a meu ver, acaba prejudicando a própria musicalidade desse trabalho. Aliás, se hoje fizermos uma comparação da "Era Bayley" com o Maiden pós-Brave New World, podemos perceber que a sonoridade da banda se manteve numa mesma linha, com cada vez mais composições longas e elementos progressivos.



Pois bem, ao contrário do antecessor, Virtual XI começa com uma faixa bem rápida, Futureal. A performance de Bayley é excelente e faz lembrar um pouco Man on the Edge. Murray e Gers mandam ótimos riffs e devido aos seus 2:55 dá vontade de dar "repeat" nesta canção. Porém, fica evidente um dos problemas de Virtual XI: essa excelente faixa destoará de todo o restante do álbum. Não se tratando de qualidade, mas sim da própria estrutura do trabalho. A segunda faixa, The Angel and The Gambler, remete ao clima mais soturno das canções do álbum antecessor. Com quase 10 minutos, a canção é um pouco quebrada e traz momentos mais introspectivos. O refrão é bom, mas repetido de forma extremamente exaustiva. A sensação que dá é de que as coisas poderiam funcionar se a faixa fosse menor, o que pode ser comprovado com a versão do single, com pouco mais de 3 minutos. Lightning Strikes Twice é mais direta. Inicia com um solo de guitarra e desbanca para as boas passagens velozes do Maiden. Uma canção que se assemelha bastante a momentos do Fear of the Dark. E sim, essa canção é mais um exemplar de que o som da banda e o vocal de Blaze poderiam fluir de forma bastante satisfatória.


O álbum segue com mais uma canção excelente, e que está ao lado dos clássicos da banda para muitos fãs, The Clansman. Outra faixa épica, com 9 minutos, seu maior mérito é a sua emocionante estrutura, com um breve começo introspectivo e uma sonoridade crescente, com o baixo galopante de Steve Harris provando porque ele é um dos baixistas mais admirados do heavy metal. Em seguida, temos When Two Worlds Collide, onde mais uma vez as linhas de baixo ficam bem presentes. Mais uma vez, temos o início lento e em seguida riffs guiados pelo evidente baixo. Há também uma boa presença dos teclados nessa faixa. Mas o que antes era apenas um pequeno detalhe se torna um dos principais problemas do álbum: a extensão das canções. When Two Worlds Collide é uma boa faixa com bom refrão, mas sua repetição incomoda, assim como em The Angel and The Gambler. The Educated Fool segue na mesma linha, mas sem a inspiração das duas anteriores. Realmente, uma faixa maçante.

Don't Look to the Eyes of a Stranger é a mais incomum do álbum. Inicia com coesas linhas de guitarra acompanhadas de orquestrações e segue com bons vocais de Bayley. E, mais uma vez, fica bastante notável como a sua longa duração prejudica o resultado final. Encerrando o álbum temos a semi-balada Como Estais Amigos, na qual os vocais de Bayley se encaixam muito bem à atmosfera da canção. Pena que devido aos erros das três faixas anteriores a empolgação até esse desfecho não seja das maiores.

Pois bem, depois de uma audição de Virtual XI fica claramente perceptível um erro principal: a duração do álbum. São pouco mais de 53 minutos, o que não é nada tão absurdo para o heavy metal. O problema é que este espaço é preenchido por apenas 8 canções. Assim como The Angel fica mais aceitável em sua versão single por ter seus exageros corrigidos pelos cortes na música, possivelmente três ou quatro canções daqui poderiam melhorar bastante desta forma. Mas dizer que este é um trabalho péssimo é uma injustiça. Obviamente era um "Iron Maiden diferente". Mas, por acaso há uma semelhança tão absurda assim entre os outros álbuns? Por acaso Somewhere in Time é um trabalho que se encaixa perfeitamente ao que a banda fez em The Number of The Beast e Powerslave? E o que dizer então de trabalhos como A Matter of Life and Death (que, na minha opinião, possuí mais exageros do que este álbum que analisei), cujas repetições são mais exaustivas?



De fato há elementos que pesam nessas comparações. Óbvio que Bayley não é um vocalista tão espetacular e com tanto talento quanto Bruce Dickinson, mas isso não o torna um mau cantor (muito longe disso, e sua carreira solo está aí para provar isto). Também é compreensível que o clima da banda e dos próprios indivíduos influenciou o processo de composição de um trabalho bem mais soturno e distante de épocas mais vívidas e radiantes. Mas definitivamente um trabalho que possuí tantos momentos interessantes e até mesmo canções que permaneceram sendo executadas pela banda após a saída de Bayley não pode ser considerado um "péssimo álbum". Porém, sabemos como o nome Iron Maiden pesa. E, apesar de saber o quanto isso é clichê, vale aquela comparação nesse caso: se este álbum tivesse sido lançado por uma outra banda, ele teria sido considerado melhor...


Por Jorge Almeida

O décimo primeiro registro de estúdio do Iron Maiden completa, hoje – 23 de março de 2013 -, exatos 15 anos de seu lançamento. Trata-se de “Virtual XI”, o segundo (e último) trabalho de Blaze Bayley à frente do grupo britânico.

Gravado entre o segundo semestre de 1997 e fevereiro de 1998 no Barnyard Studios, Essex, Inglaterra, o álbum foi produzido pela dupla Steve Harris e Nigel Green. Contudo, apesar das expectativas, “Virtual XI” ocupou “apenas” a 16ª posição nas paradas inglesas (a pior colocação de registros da banda desde “Killers”, de 1981).



O título do álbum veio de dois eventos fora da música: o lançamento do jogo de PC da banda: “Ed Hunter”, que ocorreu em 1999 (que, além do jogo, trazia dois CD’s com os maiores clássicos da Donzela, segundo os fãs), e o grande evento futebolístico daquele ano, a Copa do Mundo de 1998, na França, que acontecera em junho, que foi lembrada na capa com a ilustração de jogadores de futebol em uma partida (há quem diga que é Brasil x Inglaterra). A arte ficou por conta de Melvyn Grant.

Apesar das estratégias de marketing do grupo para promover o álbum, como partidas de futebol entre os integrantes durante a turnê, além de contar com astros do futebol mundial da época na foto do encarte, tais como: Paul Gascoigne, Patrick Viera, Faustino Asprilla, Marc Overmars, entre outros, a aceitação do disco e, consequentemente, a turnê foram um fiasco.

A “Virtual XI World Tour” trouxe problemas para o Maiden, assim como na anterior, que promovia o álbum “The X Factor”. Houve diversos shows cancelados nos Estados Unidos, Blaze Bayley apresentava problemas de saúde em função da alergia que sentia de alguns itens utilizados nos cenários das apresentações. Além disso, os constantes “deslizes” dos vocais de Bayley em concertos também contribuíram para isso. O Iron Maiden não vivia um bom momento, pois, além da baixa aceitação do álbum por parte dos fãs, os integrantes passavam por momentos conturbados em suas vidas, como Steve Harris, que passava por um divórcio. E, como se não bastasse, a relação entre os componentes da banda não eram das melhores (na verdade era tipo Blaze Bayley x os outros, com Steve Harris como “apagador de incêndio”). Tudo isso culminou com a saída do sucessor (e antecessor, por que não?) de Bruce Dickinson. E, assim, em fevereiro de 1999, como todo mundo sabe, foi anunciada a volta de Dickinson e Adrian Smith à banda, para alegria dos ‘maidenmaníacos’.

Vale destacar que algumas partes de teclado do álbum foram realizadas pelo baixista Steve Harris. Antes disso, o grupo contava com os serviços do músico contratado Michael Kenney (que continua trabalhando para a banda até hoje).

Bom, “Virtual XI” abre com a rápida e certeira “Futureal”. Aqui, Janick Gers e Dave Murray acertaram em cheio nos riffs (o solo é assinado por Dave). A voz de Bayley está muito bem trabalhada na música. O “porém”, se é que podemos dizer isso, é a sua curta duração: 2’55”, o que faz dela uma das canções mais curtas da Donzela.

Depois disso, aparece “The Angel And The Gambler”, com seus quase dez minutos épicos. O refrão é bom, contudo, repetitivo demais para o meu gosto: 22 vezes (o equivalente a metade de vezes do poema de “O Cão Arrependido”, do Chaves, que é, segundo o personagem de Roberto Gómez Bolaños, repetido 44 vezes). A versão single (que é editada e sem tanta repetição do refrão) seria ideal.



Já o caso de “Ligthning Strikes Twice”, que começa com um solo de guitarra, lembra alguns momentos de “Fear Of The Dark” (o álbum) e é uma das melhores músicas do álbum, pois se encaixa perfeitamente com os vocais de Blaze.

A metade de “Virtual XI” chega com a épica “The Clansman”, com seus nove minutos de pura arte. O seu grande trunfo é a sua estrutura bem elaborada: começando de forma suave e ganhando “forma” nos minutos seguintes. Destaque para o baixo galopante de “Stevão”. E que os “maidenmaníacos” que me desculpem: mas, particularmente, considero esse tema um dos meus “top 3” no que se refere músicas do Iron Maiden (os outros dois são “Phantom Of The Opera”, de “Iron Maiden” e “Hallowed Be Thy Name”, de “The Number Of The Beast”).


As três faixas seguintes – “When Two Worlds Collide”, “The Educated Fool” e “Don’t Look To The Eyes Of A Stranger” – são um pouco de “mais do mesmo”, ou seja, começa devagarzinho, têm bons refrões, mas que são repetidos à exaustão, o que as deixam com ar de cansativas. Aliás, desde “The X Factor” até hoje, Steve Harris e cia. têm feitos inúmeras canções com essa mesma estrutura. A diferença entre os temas cantarolados por Bayley com os de Bruce Dickinson só está na mudança de vocalistas. Pelo menos essa é a minha percepção.

E, para encerrar, a “quase” balada “Como Estais Amigos”, que faz um tributo aos soldados dos dois lados (ingleses e argentinos) na Guerra das Malvinas, que ocorreu em 1982, quando a Argentina e o Reino Unido realizaram um conflito armado para obter a soberania das ilhas situadas no Oceano Atlântico, próximo da costa argentina. Os britânicos venceram a batalha e mantiveram a posse das ilhas.

Apesar de ser contestado por boa parte da crítica e público, “Virtual XI” apresenta algumas canções que já integram o rol de clássicos do Iron Maiden: “Futureal” (que foi a quinta canção mais votada pelos fãs para montar o track de “Ed Hunter”) e “The Clansman” que, após a volta de Bruce, fizeram parte dos setlists do Maiden. Porém, a primeira só foi apresentada ao vivo em 1999, enquanto a segunda permaneceu no setlist até 2003. Aliás, as versões ‘live’ das duas músicas com Bruce Dickinson nos vocais podem ser encontradas nos seguintes registros: o single de “The Wicker Man” (2000), no caso de “Futureal”. Já “The Clansman” aparece no “Rock In Rio” (2001) e na coletânea “From Here To Eternity” (2011). Além disso, “Futureal” e “When Two Worlds Collide” foram registradas por Bayley no álbum ao vivo de sua banda (Blaze): “As Live As It Gets” (2003),


A discografia básica dessa semana vai falar do álbum Virtual XI do Iron Maiden, álbum esse que foi lançado em março de 1998. É o segundo trabalho com o vocalista Blaze Bayley.
Algumas curiosidades que envolveram esse álbum, a turnê Virtual Eleven World Tour foi problemática, assim como a anterior, The X Factor, com diversos shows cancelados nos EUA, novamente devido a problemas de saúde de Blaze Bayley ocasionados pela sua reação alérgica a alguns elementos dos cenários usados nos shows. Os fãs torceram o nariz para o album, a baixa aceitação culminou na despedida do vocalista Blaze Bayley, e a volta de Bruce Dickinson, embora este periodo de crise na história do Iron Maiden fora longe de ser culpa apenas da incompatibilidade de Blaze. Outros integrantes passavam por momentos conturbados de suas vidas, como o divórcio de Steve Harris.

Mas vamos ao album, Steve Harris é o melhor baixista do mundo, Nicko McBrain tem muita técnica e precisão, a dupla Janick Gers e Dave Murray formam um grande dueto e o tão falado Blaze Bayley estava bem melhor que no álbum anterior, isso era tendência, o cara iria melhorar com certeza, e substituir Bruce Dickinson, não é fácil, as comparações sempre existirão.
Tudo começa com “Futureal”, uma musica curta, com muita velocidade, que logo se tornou um grande sucesso da banda. “The Angel and The Gambler” é a próxima, com quase 10 minutos, com muitos riffs, uma viagem. Outro destaque é “The Clansman”, outra longa, longos instrumentais, “assim como na musica “Don’t Look to the Eyes of a Stranger”, com mais de 8 minutos. Temos refrões marcantes e poderosos em  "Lightning Strikes Twice" "When Two Worlds Collide" e "The Educated Fool" . E o álbum fecha com uma homenagem aos fãs de origem latina, com a musica "Como Estais Amigos" , bem legal, uma bonita homenagem. O álbum serviu para Blaze provar o seu grande potencial. Uma vez li em uma revista, que dizia que substituir Bruce Dickinson e Paul DiAnno não é apenas um desafio, é uma guerra!
E mais uma coisa legal, é que o álbum reúne algumas das paixões da banda, como futebol, metal e computadores. É só olhar um detalhe legal da capa, reparem que o jogo de futebol que aparece num canto da capa é entre Brasil x Inglaterra. Muito bom!


terça-feira, 14 de abril de 2015

Rádio Antena Zero e o Maiden Mania apresentam especial Wolfsbane



O programa Maiden Mania, apresentado pelo nosso colaborador Dyllan Leandro Christofaro, irá levar ao ar hoje, terça feita,  14 de abril de 2015, um especial com o Wolfsbane!!! 

Será um programa especial com uma hora com o melhor da primeira banda de Blaze Bayley!!! 

É nesta terça às 19hs na Antena Zero (www.antenazero.com). Maiden Mania presents... WOLFSBANE!!! 

First Blaze Bayley band. One hour radio show dedicated to the best songs of the first Blaze Bayley's band. Stay tuned!

terça-feira, 7 de abril de 2015

BLAZE NA ROADIE CREW #195 (ABRIL/2015)


A Roadie Crew: ed. 195 traz especial com 'discos malditos'

A edição de abril da revista Roadie Crew (# 195), que estará nas bancas até o dia 10, traz conteúdo especial sobre 50 álbuns que provocaram polêmicas e chegaram a dividir as opiniões de fãs e de críticos. Entre os discos, se encontra o "Virtual XI", último disco de estúdio com Blaze Bayley como vocalista do Iron Maiden.

Blaze ainda participa da seção Blind Ear, onde convidados comentam sobre uma música e tentam acertar qual música e banda está tocando.

Além da matéria de capa, que conta com ilustração do artista Mario Alberto, a publicação apresenta um especial com algumas das atrações que estarão no "Monsters of Rock". Entrevistas com Motörhead (Lemmy), Kiss (Gene Simmons), Primal Fear, Manowar, Yngwie Malmsteen e Black Veil Brides, além de seções exclusivas.


Ed. #195 (abril, 2015) - entrevistas:
Black Star Riders
Black Veil Brides
Dr. Sin
Kiss
Manowar
Motörhead
Primal Fear
Yngwie Malmsteen

Seções:

Cenário: José Muniz Neto (Monsters Of Rock), Tellus Terror, Primordium, Phrenesy, Eyes Of Gaia, Bruno Sutter, Lachrimatory e Higher.

Eternal Idols: Mats Olausson

Blind Ear: Blaze Bayley

Collection: Primal Fear

Background: Queensrÿche (Pt. 6)

ClassiCover: Unholy (Kiss/Black Veil Brides)

Lado B+: Yngwie Malmsteen

Playlist: Michael Vescera

Hidden Tracks: TT Quick

ClassiCrew 75: Kiss - Dressed To Kill

ClassiCrew 85: Accept - Metal Heart

ClassiCrew 95: Motörhead - Sacrifice

ClassiCrew 05: Judas Priest - Angel Of Retribution

Profile: Nick Souza (Hatriot)

Live Evil: Sonata Arctica, Epica & Dragonforce

Pôster: Ozzy Osbourne

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sábado, 28 de fevereiro de 2015

BLAZE BAYLEY - Teatro Odisseia (RJ)



BLAZE BAYLEY
Teatro Odisseia - Rio de Janeiro/RJ
5 de fevereiro de 2015
Texto e fotos: Daniel Dutra

"O prefeito do Rio de Janeiro disse que um ciclone estava vindo para a cidade, por isso era perigoso ir para o show do Blaze Bayley. Deixou todo mundo com medo. Foda-se ele. Meus fãs são malucos." Não chega a esse ponto, mas é fato que, diante do alarde feito por Eduardo Paes, mas sem direito a ciclone, aqueles que arriscaram sair de casa são corajosos. Em uma cidade que não tem nada de maravilhosa quando chove forte, em um bairro – a Lapa – que sofre com alagamentos quando o céu desabafa –, a expectativa de uma tempestade era motivo suficiente para (quase) ninguém sair de casa. Foi até mesmo razão de muitas empresas liberarem seus funcionários no meio da tarde. Resultado: depois de uma chuva passageira, trânsito tranquilo à noite e não mais do que 50 pessoas no Teatro Odisseia para ver o ex-vocalista do Iron Maiden.



Nada que o desmotivasse, uma vez que parecia estar à frente de 500 pessoas (a lotação da casa) – antes, para um público relativamente menor, o violonista Thomas Zwijsen apresentou o seu Nylon Maiden, ou quase. O belga, que gravou com o vocalista o álbum “The King Of Metal” (2012), mandou até mesmo “Highway Star”, do Deep Purple, em meio a versões de “The Trooper”, “The Evil That Men Do” e outros clássicos da Donzela. O garoto esbanja talento, e o trabalho é interessante, mas na medida certa até uns 30, 40 minutos. Depois, difícil negar que ficaria cansativo. Voltando à atração principal da noite, Bayley fez jus a algumas observações antigas deste que vos escreve. Parte delas óbvias, diga-se.


 

A começar pela diferença que é ouvi-lo cantar as próprias músicas, não as do Iron Maiden que não foram feitas para ele – minha primeira experiência, no Monsters Of Rock de 1996, não foi das mais agradáveis. “Voices From The Past”, “Brave” e “The Launch”, que foram o ponto de partida do show, ratificam que o Heavy Metal mais direto, menos intrincado e épico recebe melhor a voz de Bayley. “Wrathchild” foi a primeira amostra do catálogo de seu ex-grupo – e uma surpresa, na verdade, pois entrou no lugar de “Speed Of Light” – e abriu caminho para um set que priorizou o Blaze, especialmente o álbum “Silicon Messiah” (2000), e a Donzela.

 

Acompanhado dos brasileiros do Tailgunners – os competentes Lely Biscassee Raphael Gazal (guitarras), Lennon Biscasse (baixo) e Gustavo Franceschet (bateria) –, o vocalista mostrou que a vida musical fora do Maiden merece uma conferida. “Stare At The Sun”, “Ghost In The Machine”, “Kill & Destroy” e “Soundtrack Of My Life”, por exemplo, não vão mudar o mundo, nem mesmo o rumo do som pesado, mas valem a audição. E se o público era pequeno, era também de admiradores.Diante de todas as circunstâncias, quem estava lá não foi movido pelo curiosidade de ver um ex-Iron Maiden. Todas as letras estavam na ponta da língua, mas é claro que não dá para espantar o fantasma da Donzela.

 

“When Two Worlds Collide”, “Futureal” e “The Clansman” foram recebidas com grande entusiasmo. Além disso, reforçaram a minha opinião de que “Virtual XI” é muito melhor que “The X Factor” – não que os dois discos sejam grande coisa, porque não são.Mas o último trabalho com Bayley seria mais palatável se as guitarras não soassem como aquelas tonantes da Giannini. Mesmo “Como Estais Amigos”, que substituiu “Sign Of The Cross” no set, e “Virus” tiveram brilho próprio.

Abraçado à sombra do Iron Maiden, Bayley voltou para o bis com “Fear Of The Dark” e “Man On The Edge”, que causaram uma catarse desproporcional ao tamanho do público, mas... Olha, “Fear Of The Dark” é mesmo funcional. Não à toa um garoto à minha frente passou toda a música tocando uma guitarra imaginária como se estivesse tendo uma convulsão, acompanhado por uma menina que dançava sensualmente (nem tanto, nem tanto...) sem sincronia alguma com o som que saía dos alto-falantes. “Fear Of The Dark” causa mesmo uma comoção, mas não dá mais. Nem “Stairway To Heaven” e “Smoke On The Water” saturam tanto – bom, até porque estas não parecem canções feitas por um grupo de adolescentes que acabou de ganhar seus instrumentos e compôs a sua primeira música. Com o perdão da sinceridade.

 

Ao fim da apresentação, Bayley atendeu pacientemente a todos com fotos e autógrafos – o que não foi um problema diante de poucagente – antes de trocar algumas palavras com a ROADIE CREW. E resumiu a noite com um misto de agradecimento e frustração. “Eu tenho de valorizar meus fãs, estes que vieram depois de o prefeito ter pedido para as pessoas não saírem de casa. Por isso digo que meus fãs são os melhores, porque é muito bom saber que há alguém curtindo a minha música, seja na situação que for. Mas eu não toco mais no Rio de Janeiro nesta época do ano, no verão carioca, porque não dá para correr esse risco de novo”, disse o vocalista, referindo-se ao show em janeiro de 2013, num dia em que a chuva também afastou o público. “Eu não quero lotar arenas, não lamento não estar tocando em lugares maiores. O que eu quero é lotar este lugar.” Apagada as luzes, Bayley, com mochila nas costas e mala na mão, seguiu tranquilamente pela Mem de Sá, tradicional rua da Lapa, até entrar num bar para comer algo e beber algumas. Gente como a gente.



Setlist
1. Voices From The Past
2. The Brave
3. The Launch
4. Wrathchild
5. Stare At The Sun
6. When Two Worlds Collide
7. Futureal
8. Silicon Messiah
9. Ghost In The Machine
10. Kill & Destroy
11. Como Estais Amigos(era Sign Of The Cross)
12. Virus
13. The Clansman
14. Soundtrack Of My Life
15. 10 Seconds
Bis
16. Fear Of The Dark

17. Man On The Edge

Fonte: Roadie Crew

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Blaze Bayley - Londrina/Pr - Hush Pub (06/02/2015)


Por Felipe Sandoval

Após percorrer algumas regiões do Brasil, Colômbia e Bolívia com shows do projeto Metal Singers, que contava também com a participação dos vocalistas Udo, Ripper Owens e Michael Vescera, o perfomático e carismático Blaze Bayley está fazendo uma tour por algumas cidades brasileiras. A presença de Blaze em terras tupiniquins durante o início de cada ano já tornou-se uma tradição. Uma das incógnitas era qual banda daria suporte ao Blaze, já que o material de divulgação colocava como fazendo parte do evento em Londrina a banda italiana Lunar Explosion e o violonista Thomas Zwijsen. Quanto ao músico holandês, todos sabiam que faria um pocket show de abertura. Outra incógnita era o set-list: Blaze daria prioridade à sua carreira solo ou abrangeria a sua fase com o Maiden?
Indo a Londrina, eu mantive a esperança que a banda de suporte seria a The Best Maiden e que o set-list seria focado mais na carreira solo. Nada contra sua fase no Maiden que na minha opinião possui composições marcantes e emblemáticas, mas os fãs do Blaze em carreira solo sabem o quanto nós o admiramos e o acompanhamos nos anos pós-Maiden, já que a maioria dos álbuns são verdadeiras obras-primas do heavy metal.
Por volta da meia-noite subiu ao palco a banda italiana Lunar Explosion. Sendo assim, uma das incógnitas estava respondida: os italianos vieram ao Brasil abrir alguns shows do Blaze para divulgação do trabalho. Quanto à sonoridade e estilo da banda, nada de novo e surpreendente na medida em que executam um powermetal melódico com influências de Helloween dos anos 80 e algo de Judas Priest.
Na sequência entrou no palco o talentoso violonista holandês Thomas Zwijsen, conhecido por suas versões de clássicos do Iron Maiden no violão e por ter acompanhado o Blaze em sua banda nas gravações e tour do álbum King of Metal e do Ep acústico Russian Holiday. Thomas teve dificuldades para iniciar o set pois as caixas de retorno estavam dando microfonia e muitos estalos. Após uns 10 minutos de conversa com o técnico da mesa de som, foram feitos os devidos ajustes e Thomas iniciou o show, tocando clássicos do Maiden como Aces High, Revelations, Phantom of the Opera e Run to the Hills, como também a grande surpresa e um dos pontos altos da noite - Highway Star do Deep Purple. O mais impressionante foi ver Thomas conduzindo facilmente com seu violão o público inteiro do Hush Pub que o acompanhou cantando as letras.
Minutos após a saída de Thomas, por volta da 1 e meia da matina, sobe ao palco Blaze Bayley, acompanhado pela banda The Best Maiden, tocando a música Voices from the Past do álbum 'The Man Who Would Not Die', que diga-se de passagem ficou muito boa como início de show. Apesar do cansaço físico visível, Blaze não deixou se abater pela extensa tour e já no início agitou muito. Com sua performance carismática, intimou todos do Hush Pub pra pular e agitar. No entanto, no início parecia incomodado com algo - novamente, as caixas de retorno davam sinais de problemas, mas Blaze Bayley resolveu 'insanamente' e rapidamente: durante as duas primeiras músicas, retirou os retornos e os colocou em pé na frente do palco. Assim, as caixas de retorno funcionaram para o Blaze durante o show inteiro como uma extensão do pequeno palco do Hush Pub, pois ele não se conteve, cantando em cima delas rodeado pelos fãs. Assim a banda tocou o set inteiro sem qualquer retorno. 
Uma das surpresas do set-list foi Wrathchild, composição do Maiden da era Paul Di'anno, que sempre se encaixou muito bem na voz do Blaze. Entretanto, considero desnecessária a inserção de músicas do Maiden que não sejam de sua fase na banda, pois a carreira solo possui várias composições primorosas que não foram contempladas infelizmente no set como faixas dos álbuns 'The Man Who Would No Die' e 'Promissor and Terror'. Além disso, se é pra tocar músicas do Iron Maiden, por que não inserir 'Sign of the cross' e 'Como estais amigos'? A falta desta me surpreendeu, pois estava sendo tocada no projeto Metal Singers. 
A performance emocional de Blaze em Stare at the sun cativou a galera no Hush Pub. O vocalista ganhou potência vocal e evoluiu muito a sua interpretação com o passar dos anos. Nesse momento, percebi que muitos que estavam ali conheciam as composições da carreira solo, cantando as letras e vibrando. Impressionante também é a entrega de Blaze ao público ao olhar nos olhos de cada fã insanamente, pedindo para cantar e agitar.
Outras surpresas da noite foram 'Silicon Messiah', 'Ghost in the Machine' e 'Kill and Destroy'. Destaque para o baixista Lennon Biscasse e o guitarrista Lely Biscasse que executaram com perfeição e fidedignidade não só as músicas da carreira solo como também da era-Maiden. Diga-se de passagem, o baixista possui algumas semelhanças com Steve Harris fisicamente e nos trejeitos ao tocar. Em The Clansman, o Hush Pub veio abaixo com a introdução do baixo, tocada com perfeição. 
Ao anunciar a música Soundtrack of my Life e a coletânea que celebra 30 anos de carreira, uma fã subiu ao palco, abraçou e beijou Blaze em sua costeleta. Blaze, sorridente, continuou abraçado com a fã enquanto rolava a introdução da música e seguiu até o canto do palco, mostrando para a moça descer. São nesses momentos que o vocalista demonstra todo o carinho e envolvimento com os fãs. 
Ao final do show, Blaze Bayley pronunciou uma de suas falas tradicionais com algumas alterações: 'Não irei ao camarim após o show. Descerei aí e beberei cerveja com vocês no bar. Preparem as máquinas, pois tirarei fotos com cada um de vocês. Vocês tem medo de beber cerveja comigo?'. Repetindo várias vezes essa última frase, olhando para o público com um olhar insano e assustador, Blaze anunciou a música 'Fear of the dark'. Apesar de achar desnecessária por se tratar de uma composição do Maiden na era-Dickinson, ao ser cantada por Blaze atualmente percebe-se o quanto sua voz e interpretação evoluiu nos últimos 15 anos. 
Após a introdução da última música da noite, 'Man on the edge', a banda pára e Blaze grita: 'Scream for me Brasil'. Ironicamente ou não, já que essa frase é uma das marcas de Bruce Dickinson, Blaze começa a rir e questiona: 'aqui é o Equador?; aqui é o Paraguai?; aqui é a Colômbia?; aqui é a Bolívia?'. Após o público negar todos esses países, Blaze insiste questionando se estava na Argentina. Nesse momento, o Hush Pub em peso gritou 'NÃO' e Blaze bradou: 'Scream for me Brazil'; e assim a banda deu sequência na execução de um dos maiores clássicos do Maiden durante a era-Blaze Bayley, finalizando o show. 
É inegável o carisma e talento de Blaze Bayley, como também seu respeito e apreço pelos fãs. Assim como é inegável o profissionalismo e qualidade dos músicos da banda The Best Maiden que dá suporte ao vocalista em suas tours pelo Blaze. A energia que Blaze passa em seu show não mudou em nada em relação aos anos anteriores: agita, íntima o público para cantar e pular, enfim dá o sangue em cima do palco. No entanto, senti a falta de músicas dos álbuns 'The Man Who Would No Die' e 'Promise and Terror', obras-primas do heavy metal. Por outro lado, o excelente álbum 'Silicon Messiah' foi bem representado com 4 músicas, o que pode indicar o direcionamento do próximo disco, previsto para o ano que vem. Com isso, mantemos as expectativas para o lançamento de mais outro petardo de sua discografia. 






Set-list: 
Voices from the Past
The Launch
Wrathchild
Futureal
When two worlds collide
The Brave
Stare at the sun
Silicon Messiah
Ghost in the Machine
Virus
Kill and Destroy
The Clansman
Ten Seconds
Soundtrack of my life
Fear of the Dark
Man on the edge



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