Por Fabricio Maoski
Desde a primeira vez que eu escutei "Edge of Darkness" no lançamento do "X-Factor" em 1995 já havia ficado impressionado com a letra da música. Na época não sabia quais eram as referências da música, via apenas que era uma música sobre guerra. Sempre fui fascinado por cinema e alguns anos mais tarde ao assistir o clássico Apocalipse Now, percebi as referências diretas à música do Iron Maiden. Eu ainda tinha uma dúvida: Por que o filme se chamava Apocalipse Now e a música se chamava "Edge of Darkness?"
Desde a primeira vez que eu escutei "Edge of Darkness" no lançamento do "X-Factor" em 1995 já havia ficado impressionado com a letra da música. Na época não sabia quais eram as referências da música, via apenas que era uma música sobre guerra. Sempre fui fascinado por cinema e alguns anos mais tarde ao assistir o clássico Apocalipse Now, percebi as referências diretas à música do Iron Maiden. Eu ainda tinha uma dúvida: Por que o filme se chamava Apocalipse Now e a música se chamava "Edge of Darkness?"
Com a popularização da internet em meados dos anos 2000, descobri que esse era o título de um livro de Joseph Conrad. Como nerd e fã do Iron Maiden, fui à biblioteca pública daqui de Curitiba procurar o livro. Achei e li o livro. Ao comparar o livro com a música vê-se claramente que a inspiração do Iron Maiden foi o filme e não o livro, sendo aproveitado apenas o título do livro na música. Vou fazer um breve resumo do livro e do filme para que quem não os conheça possa entender do que eu estou falado.
"O coração das trevas" é um livro editado em 1902 por Joseph Conrad. O livro conta a história de um marinheiro inglês que adentrar na África pelo rio Congo para procurar um comerciante de peles chamado de Kurtz. O comerciante teria passado tempo demais com os nativos, perdendo o contato com a realidade e se deixando levar pelos instintos mais básicos. O livro relata que Kurtz teria cometido atos inonimáveis, mas não dá muitas pistas sobre o ocorrido, no que difere muito do filme. O livro trata de temas como a selvageria e a civilização e a contraposição entre a África selvagem e a Europa. O livro é do início do século XX e mostra um certo temor Europeu de que a sua civilização fosse engolida pela selvageria da África. Não deixa de ser um ponto de vista preconceituoso, mas que reflete a cultura do tempo do livro.
Apocalypse Now é um filme Norte-Americano de 1979 dirigido por Francis Ford Copolla. O filme contou com grandes atores da época, como Marlon Brando, Robert Duvall e Martin Sheen, e conta a história de um oficial do exército em plena guerra Vietnã que é mandado em missão para matar um renegado e presumido oficial Kurtz que teria enlouquecido em plena selva. A narrativa mostra toda a violência e loucura da guerra, focando na crueldade sem sentido e no impacto emocional da guerra. Kurtz comanda um povoado como um semi-Deus, o qual é decorado por centenas de cabeças de pessoas assassinadas. Em minha modesta opinião, um dos melhores filmes que eu já assisti. Um filme cansativo, arrastado em certos trechos, porém envolvente e impactante. Um verdadeiro clássico do cinema. Recomendo a todos!
Ao ler a letra da música do Iron Maiden, vê-se que é basicamente a história do filme. A letra do Iron Maiden foca especialmente a cena da conversa do Willard com os oficiais que repassam a missão e a cena inicial no quarto do hotel. Infelizmente não achei a cena da missão no youtube.
Em relação à música de uma forma geral, assistir ao filme Apocalipse Now é deleito para os ouvidos já que vemos a música The End do The Doors logo no início do filme.
Vemos também tocar "(I Can't Get No) Satisfaction" dos Rolling Stones numa cena no barco.
Além das referências mais roqueiras vale lembrar ainda a cena clássica quando vemos helicópteros destruindo uma vila Vietnamita ao som de uma ópera.
Em relação à música do Iron Maiden,eu fiquei frustrado ao ir ao show aqui em Curitiba em 1996 e a banda não tocar essa música. Na época não sabia que tinham excluído a música na turnê da América do Sul, provavelmente por problemas com o público. No show 1998 nova expectativa, mas que também acabou frustrada.
Com a volta de Bruce tinha certeza que o sonho de ver essa música ao vivo estava perdido. Felizmente tive a honra de escutar essa música ao vivo nas diversas turnês e shows que o Blaze Bayley fez por aqui. Uma curiosidade interessante que o Blaze na turnê no show da turnê "The Night That Will Not Die" usa um playback mais longo do início do filme que o Iron Maiden usou no CD do "X-Factor".
Para concluir, o filme e o livro são obras que valem a pena serem lidas e assistidas não apenas por serem referências para o Heavy Metal, mas por se tratarem de grandes obras literárias e cinematográficas. Mostram todo o absurdo da guerra e da matança em nome de ideologias duvidosas. Além disso, mostram como a guerra e o sofrimento despersonificam e levam pessoas comuns como o Willard e o próprio Kurtz se tornarem assassinos. Mostram como a guerra e a violência leva as pessoas a perderem a própria noção de humanidade e civilização. Daí vem o título, o coração das trevas. A música do Iron Maiden mostra esse clima pesado e sombrio, especialmente no seu dedilhado inicial e na forma sombria como Blaze canta a música. Particularmente, essa é uma das minhas músicas prediletas da banda.
Fontes:
Conrad,j. O coração das trevas.