quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Capa de Infinite Entanglement revelada!

Revelada oficialmente a capa do novo álbum de Blaze Bayley.


"Infinite Entanglement" é o oitavo disco de estúdio de Blaze Bayley, e tem o lançamento programado para o dia 01 de março, e já se encontra em pré-venda no site oficial.


segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Discografia Comentada: Blaze Bayley




 
por Ulisses Macedo (feat. André Kaminski)


Nascido Bayley Alexander Cooke no ano de 1963, um dos maiores underdogs da música ganhou fama mundial ao receber a dificílima tarefa de substituir Bruce Dickinson no Iron Maiden, sendo simplesmente execrado pela crítica e pelos fãs da Donzela. Mas além de ser um cara legal dentro e fora dos palcos, Blaze é bastante determinado: pouco após a sua demissão do Maiden, em ’99, ele formou uma banda denominada somente BLAZE – depois ele usaria seu stage name completo, como veremos depois -, criando uma discografia sólida e concisa. Quem não gostou do que ele fez no Maiden precisa dar uma segunda chance ao material que aqui se encontra, que é muito superior e se encaixa perfeitamente à sua voz.



Silicon Messiah [2000]
Hora de colocar a mão na massa: Blaze reune um time de desconhecidos, porém competentes músicos (John Slater e Steve Wray nas guitarras, Rob Naylor no baixo e Jeff Singer na bateria) e convida Andy Sneap para produzir sua estréia. Lançado apenas uma semana antes de Brave New World, o disco da Donzela que marca o retorno de Dickinson, Silicon Messiah alia a forte voz de Blaze a um metal britânico moderno e caprichado. “Ghost in the Machine” abre o disco com uma boa energia, ótimo refrão e uma ponte que dá a deixa para Bayley brincar com a platéia. “Evolution” segue de forma menos interessante, mas a faixa-título coloca tudo nos eixos novamente, fechando a trilogia do Messias de Silício (não pague o mico de traduzir silicon como silicone, pelo amor de Deus!). “Born as a Stranger” é outra boa canção, que traz influências de Maiden e um refrão grudento. A doom “The Hunger” é lenta e reflexiva, depressiva até, mas traz um solo de guitarra muito bom. “The Brave” é o grande hino do CD e favorita dos fãs, com um ótimo trabalho de guitarras e um excelente refrão, sendo mais uma com a característica temática de superação, e “Identity” segue mantendo o bom nível. “Reach for the Horizon” nos introduz outra tríade, dessa vez sobre um astronauta, mas é a faixa menos memorável do CD. O disco retoma o pique com a veloz “The Launch”, que lembra “Man on the Edge” (The X Factor, 1995) e tem ótimos solos de guitarra. Para finalizar, nada melhor do que a épica e linda “Stare at the Sun“: começando de leve, como uma balada, pintando o destino do astronauta vagando pelo espaço sideral; logo, porém, torna-se poderosa, mostrando-se uma composição memorável e envolvente, com excelente performance de todos os integrantes, firmando-se como o maior clássico da carreira solo de Bayley. Aclamado pela crítica, Silicon Messiah é polido e charmoso, calando a boca dos haters e seguindo firme como um clássico do heavy metal contemporâneo.


 
Tenth Dimension [2002]
Após a boa recepção da estréia, não haviam motivos para que a banda alterasse muito a fórmula já consagrada. Tenth Dimension segue no mesmo estilo, porém agregando algumas novidades para dar um frescor no som. Depois da desnecessária introdução “Forgotten Future”, “Kill and Destroy” se firma como mais um clássico da discografia, com riffs e solos de muito bom gosto e um refrão grudento; faixa perfeita abrir o disco e empolgar o ouvinte. “End Dream” é lenta e pesadona, com momentos no melhor estilo doom/sludge, além de grudar mais um ótimo refrão na nossa mente. Uma boa surpresa é “Meant to Be“, linda balada com sessão de cordas que tem “The Truth Revealed” como introdução e traz como destaque a participação da cantora Michelle Houston, que aliás foi quem criou o arranjo de cordas. A sólida “Land of the Blind” é outro bom momento do disco; além de ser totalmente feita pra bater cabeça, ainda traz um solo com bastante distorção. “Speed of Light” já nasceu clássica também, com guitarras gêmeas cativantes que a tornam a melhor faixa do álbum. O encerramento vem com “Stranger to the Light”, outro doom metal com riffs esmagadores que ressoam pelo ambiente junto aos “ôô-ôô” do refrão. Vale lembrar que a capa do disco foi feita pelo próprio guitarrista John Slater e, junto com o excelente encarte com design de diário de cientista, cria a atmosfera perfeita para a temática do álbum, que fala sobre o abuso da ciência pelas autoridades – no conceito do disco, o eu lírico é um pesquisador que descobriu a tal décima dimensão e precisa tomar cuidado para que isto não caia em mãos erradas.



 
Blood & Belief [2004]
Após finalizar o ao vivo As Live as It Gets (um puta disco ao vivo, diga-se de passagem), o baterista Jeff Singer e o baixista Rob Naylor saíram da banda, alegadamente devido à problemas financeiros causados pela gravadora, forçando Blaze a contratar músicos temporários para finalizar a turnê que ainda rolava na época. Para Blood & Belief, Wayne Banks e Jason Bowld (baixo e bateria, respectivamente) completaram o time. Mas não eram só as tretas com a gravadora que estavam ferrando a vida do cantor: além de ter gastado quase todas as suas economias para manter a banda, os problemas de Blaze com o alcoolismo, aliado à sua depressão que só foi diagnosticada mais tarde, o colocaram bem pra baixo. Ele já revelou em entrevistas que naquela época chegou a beber até cair inconsciente na rua, sendo levado para fazer terapia por sua namorada. Blood & Belief é, portanto, o primeiro disco em que Blaze deixa a temática sci-fi de lado e passa a falar sobre os problemas que passou, dando às músicas uma atmosfera carregada de tensão – basta analisar faixas como “Hollow Head” (‘The doctor said that it’s not my fault / I’ve been told I’m not to blame / There’s just an empty space / Where there should be a brain’) e “Tearing Yourself to Pieces“, esta última remetendo aos melhores momentos do Black Sabbath. Já na faixa de abertura, “Alive”, notamos a pegada direta, quase thrash; a faixa-título, por exemplo, traz riffs violentos, enquanto que na cadenciada e melancólica “Regret” os riffs vão mudando e seguindo a voz de Bayley de uma maneira bem legal. Entretanto, é na melódica “Life and Death” que encontramos o melhor momento do disco, trazendo um refrão sensacional, uma musicalidade acessível e um Bayley mais que inspirado, mostrando que, apesar de possuir uma voz limitada, ele tem feeling e sabe usá-la muito bem.



The Man Who Would Not Die [2008]
Quatro anos após Blood & Belief, a carreira de Bayley ainda seguia aos trancos e barrancos, com várias trocas de formação e brigas com a gravadora. Porém duas coisas foram importantíssimas para que ele continuasse a seguir em frente: a produtora Metal Mind, com uma milagrosa oferta do que viria a ser o DVD Alive in Poland (2007), e Debbie Hartland, sua namorada de longa data, que se tornou empresária da banda e com quem ele se casaria em fevereiro de 2007 – A semi-balada do disco, “While You Were Gone“, é dedicada a ela. Infelizmente, Debbie sofreu uma hemorragia cerebral e entrou em coma no dia anterior ao lançamento de The Man Who Would Not Die, vindo a falecer em setembro do mesmo ano. E esta tragédia só evidenciou tudo aquilo que Bayley já passou e que escreveu no disco, que é pesadíssimo, catártico, vingativo e, por vezes, depressivo, trazendo uma pegada ainda mais moderna e agressiva do que a dos lançamentos anteriores. A faixa-título é praticamente uma autobiografia, enquanto que “Blackmailer” é uma crítica à gravadora SPV. “Smile Back at Death“, baseada no filme Gladiador, mostra que o vozeirão barítono do cara continua poderosíssimo, fechando a fantástica trinca inicial do álbum. A dupla de guitarristas Jay Walsh e Nicolas Bermudez domina o CD do começo ao fim com riffs ora violentos, ora melódicos, como bem evidencia “Samurai“, enquanto que a direta “Robot” é só porradaria. A segunda metade do registro tem canções mais intrincadas e que demandam uma atenção maior do ouvinte, trazendo como destaque o bom trabalho de guitarras de “Waiting for My to Begin” e a ótima “Voices From the Past“, que poderia muito bem estar em algum dos discos anteriores. No mais, o pesadíssimo The Man Who Would Not Die representa o renascimento da carreira solo de Blaze, além de estrear o selo próprio do cantor, o Blaze Bayley Recordings.



Promise and Terror [2010]
Seguindo os passos de The Man Who Would Not Die, Promise and Terror mantém a mesma formação do disco anterior, que aqui soa ainda mais coesa. O título do álbum não é aleatório: no tracklist, Promise refere-se às sete primeiras canções, que não têm qualquer ligação temática entre si, enquanto que as quatro faixas restantes formam Terror, detalhando as quatro partes (perda, dor, luto e aceitação) de sua tragédia pessoal. Vamos devagar; “Watching the Night Sky” e “Madness and Sorrow” abrem o CD com muita velocidade e empolgação. A bem trabalhada “1633” surpreende com seus riffs ligeiramente maidenianos e narrativa que fala sobre a condenação de Galileu Galilei – 1633 é o ano em que o astrônomo foi preso pela Inquisição por defender a teoria heliocêntrica. O legal é que, em determinado momento, a voz de Blaze pula de um speaker para o outro simulando o debate entre Galileu e o Clero. Em seguida, “God of Speed” chama a atenção pelos staccatos e arpejos na introdução e no refrão da faixa. A composição é dedicada ao motociclista e recordista mundial Burt Munro, mas nos shows aqui no Brasil ela costuma ser dedicada também ao nosso ídolo Ayrton Senna. A épica “City of Bones” reconta a batalha de Stalingrado e traz alguns momentos de marcha militar. Por outro lado, “Faceless” e “Time to Dare” só mantêm o nível do disco, sem maiores surpresas, até chegarmos à parte mais importante do CD: Terror. Acústica, “Surrounded by Sadness” é simples e memorável, logo dando lugar à incrível “The Trace of Things That Have No Words“. Sério, que petardo! Que música foda! Toda a dor, toda a tristeza, toda a depressão, todas as trevas estão bem representadas na performance arrepiante d’O Homem Que Não Morreria: ‘Nothing can numb this pain, nothing can fill this void / Nothing can heal this wound, nothing can hide this scar / Nothing is what I have, nothing is all that’s left / Nothing is what I am, if I am without you / Looking down at my feet, why do they move at all? / Looking down at my hands, why do they work at all? / I hear the words I speak, why can I speak at all? / If I can’t speak to you, why can I speak at all?’. De longe o melhor momento do álbum! E aí “Letting Go of the World” chega de mansinho, com dedilhados nas guitarras. Blaze narra como sua única fagulha de felicidade foi tirada de si, desolando-o e fazendo-o desistir do mundo. A interpretação é intensa, e os instrumentistas também não deixam barato, acelerando o andamento da faixa até a chegada do solo de guitarra, seguido do vozeirão de Bayley, extasiante, gritando ‘Letting go of the world’ várias vezes, sem deixar pedra sobre pedra. A introspectiva “Comfortable in Darkness” encerra o momento magistral de superação proclamando vitória sobre si mesmo, sobre as trevas e o medo que ele deve deixar para trás. Que obra-prima são essas quatro faixas! Dê um tempo aqui na leitura e vá ouvir!



The King of Metal [2012]
por André Kaminski
O último álbum do ex-Maiden traz muitas referências pessoais sobre o momento difícil que passava o vocalista. A morte da esposa quatro anos antes, as dificuldades da estrada e uma certa tristeza pessoal faz com que o álbum exacerbe emoção. Porém, quem pensa que isso traria letras melancólicas e obscuras está enganado: com base em toda essa tristeza, Blaze continua a transmitir mensagens de força e de sentimentos positivos, algo que fica bem claro em suas letras. Isso sem aliviar em um instrumental pesado (infelizmente prejudicado pela produção) onde guitarras, baixo e bateria descem a mão sem dó. A primeira canção é uma espécie de homenagem aos seus fãs que são intitulados como “The King of Metal”. Seguida logo adiante por “Dimebag“, uma homenagem ao falecido guitarrista Dimebag Darrell, morto em 2004. A canção começa calma para logo em seguir as guitarras darem um clima pesado e melancólico em uma música que representa muito bem o triste sentimento que esta tragédia causou ao mundo do metal. “The Black Country” parece ser uma canção ao qual aparenta estar falando da sua velha Inglaterra. “The Rainbow Fades to Black” é outra homenagem muito boa ao ídolo Ronnie James Dio falecido dois anos antes do lançamento deste disco. A faixa se destaca por uma pegada bem parecida com o Black Sabbath da era do baixinho pela sua velocidade e instrumental bem heavy do início dos anos 80. “Fate” fala sobre o destino, algo que acredito ser o fato dele se sentir destinado a ser eternamente conhecido como um ex-Maiden em mais uma faixa veloz que lembra seus próprios trabalhos do início da carreira solo. “One More Step” apresenta ideias e uma força de vontade que poderia fazer parte de uma trilha sonora de algum filme do Rocky Balboa. Um piano calmo e mais uma entrega sentimental por parte de Blaze ao qual surpreende pela sinceridade transmitida. “Fighter” é mais uma mensagem de força de vontade com um ritmo de marcha militar exaltando algo que pareceria o orgulho de um soldado. “Judge Me” é um recado claro a seus detratores em seus tempos de donzela, ao qual o próprio vocalista admite seus erros ao mesmo tempo em que critica a má vontade de tanta gente ao tecer julgamentos que considera injustos. “Difficult” é o próprio Blaze te dando conselhos sobre a vida de um cara que já apanhou muito dela, indo do céu ao inferno várias vezes. Os ótimos riffs de guitarra se sobressaem aqui, sendo a faixa mais pesada do disco. “Beginning” fecha com mais uma faixa de força de vontade sendo mais calma e reflexiva, porém, esta sendo inferior a “Difficult” e “One More Step”. Infelizmente, o principal defeito do disco como já citei foi a sua produção que deixou a sonoridade do disco um pouco acanhada, apesar das ótimas composições e de ótimo riffs que os guitarristas Andy Neri e Thomas Zwijsen trouxeram. Não chega a ser melhor que petardos como Silicon Messiah (2000) e The Man Who Would Not Die (2008), mas gosto bastante deste trabalho e recomendo uma audição dos fãs do careca.

 


Publicado originalmente no site Consultoria do Rock

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

BLAZE BAYLEY: NOVO ALBUM JÁ POSSUI NOME DEFINITIVO


O novo álbum do Blaze que a princípio tinha o nome provisório de "8", agora já possui título oficial: "Infinite Entanglement". E agora, o que esperam?


Através de sua página oficial no Facebook, Blaze Bayley informou os fãs:

"It's after 7pm, The Official Title of Album 8 will be "Infinite Entanglement''. Please see the facebook event for full tour listings. Here are the newly added tour dates, more to come :


February
27th : UK : Bewdley, The Cock & Magpie (acoustic)
April
6th : IT : Gradisca D’Isonzo, La Baracheta
26th : AT : Vienna, Viper Rooms
27th : SK : Banska Bystrica, Rock Club Tartarus
May
1st : LT : Kaunas, Rock Pub (acoustic)






segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Entrevista em 2008 para o Maiden Norway

No dia seguinte ao Clive Aid Bergen 2008, Frode Kilvik, do extint site MaidenNorway.com, conseguiu uma entrevista com a atração principal da noite anterior, Blaze Bayley, que falou sobre sua carreira antes do IRON MAIDEN, como ele entrou na banda e seu tempo como parte da maior lenda do Metal do mundo, bem como seus planos para o futuro.

Por:Frode Kilvik / Photos: Noel Buckley

MaidenNorway: Então Blaze, vamos começar com perguntas sobre o WOLFSBANE. A banda abriu para o IRON MAIDEN em 1990, e você alguma vez imaginou que seria um dia o frontman deste última?
Blaze Bayley: "Não, não, mas eu me apresentei junto com o IRON MAIDEN quando estava no Wolfsbane, no Hammersmith Odeon. Costumávamos aparecer e cantar 'Heaven Can Wait' na parte onde Bruce convida o público para cantar, e eu sempre costumava tentar pegar o microfone do Bruce, então no último show da turnê, que foi no Hammersmith Odeon, o Bruce estava no palco cantando 'Bring Your Daughter To The Slaughter' e tinha uma longa introdução para que o público cantasse junto. Então eu fui e tomei o microfone dele, e no fim daquela parte da turnê ele realmente não estava mais se importando e simplesmente me deu o microfone. Então, lá estava eu parado no palco em meio ao IRON MAIDEN cantando 'Bring Your Daughter The Slaughter' (ele canta o trecho). Ahh foi fantástico. Então, eu tive um gostinho da coisa, mas nunca tinha imaginado que seria o frontman de verdade do IRON MAIDEN. Foi um sonho que se tornou realidade".

Maiden Norway: O WOLFSBANE acabou antes de você fazer testes para o IRON MAIDEN ou você ainda estava na banda quando...

Blaze Bayley: "Isso, eu recebi um telefonema perto do fim do WOLFSBANE, eu lembro que eu recebi um telefonema. 'Nós gostaríamos que você fizesse' ou 'Você
gostaria de fazer uma audição?', porque provavelmente eu fui a única pessoa que não tive que mandar uma gravação. E eu dei a eles meus álbuns, eu dei meus discos quando fiz a turnê com eles. Então eles já tinham meus álbuns e sabiam como eu era, ficar pulando, enlouquecendo. Então eles disseram 'Gostaria de fazer uma audição?' e eu respondi que sim, e eles me disseram que canções iriam estar na audição e tive que aprender dez músicas. Eram os clássicos que normalmente estão no setlist. E foi isso. Fizemos duas audições, a primeira nós fomos para a sala de ensaio, e estávamos na sala de ensaio do IRON MAIDEN com a banda, e a segunda foi em estúdio, tivemos que cantar no estúdio também, então eles podiam ver se você era bom o suficiente para estar em estúdio".

Maiden Norway: Qual foi sua reação quando foi aprovado?

Blaze Bayley: "Bem, é…, Steve me ligou e disse: 'Você tem que vir aqui ter um encontro com o Rod', ele não disse que eu tinha sido aprovado em nada. Então, eu fui na casa do Steve e Rod estava lá, e então ele disse 'Parabéns, você está na banda'. Fiquei tipo, 'oh okay'. Então, eu assinei e entrei na banda. Eu acho que era 23 de dezembro de 1993. Saí e comprei duas coisas: um telefone sem fio para minha casa e um punhado de cerveja [risos]. E foi isso. Eu estava absolutamente falido na época, sem nenhum tostão, não tinha absolutamente nada. Eu tive que pegar dinheiro emprestado pra pagar a gasolina e peguei o carro de alguém emprestado pra ir até a audição. Eu não tinha nada, absolutamente nada. Eu estava tipo 'Certo, eu acabei de comprar um fardo de 24 latas de cerveja, é assim que vou passar o Natal'. Esse é o melhor presente de Natal que você pode ter, eu suponho".

Maiden Norway: Mas alguns fãs não gostaram quando Bruce saiu e você entrou na banda. Como os fãs te trataram?

Blaze Bayley: "Bem, os fãs que eu conheci foram absolutamente fantásticos. Você sabe, tivemos muito apoio e encorajamento por parte da maioria dos fãs do Maiden. Eu acho que a maioria das pessoas queriam que eu me saísse bem. Eu era o cara novo, e eu acho que as pessoas que estiveram lá, historicamente, é... você sabe, os fãs sabiam sobre Paul Di’Anno, a mudança com Paul Di’Anno, a mudança com Clive e ficaram encucados. Então, eles sabiam dos problemas sobre, você sabe, que ocorriam na banda na época que o Bruce saiu. Então, a maioria dos fãs, especialmente à medida que o tempo passava, e todas essas coisas que saíam na imprensa sobre as coisas ruins que o Bruce falava do IRON MAIDEN na época. Dessa forma, a maioria dos fãs me deu muito apoio e encorajamento e onde quer que eu fosse eu era tratado realmente muito, muito bem. Foi me dado muito apoio por parte dos fãs, de modo que eu tenho que ser grato por isso, você sabe, eu sempre serei grato. A única parte negativa pra mim, eu acho, foi que a banda era tão grande, e o calendário para o 'X-Factor', que muitas vezes não havia sessão de autógrafos. Eu gosto de conhecer os fãs, dar autógrafos, dizer olá e coisas do tipo. Mas o Maiden é tão grande e o calendário tão apertado que você não pode dar autógrafos depois do show, você está basicamente saindo de algum lugar em direção ao próximo show, e não dar pra fazer isso a não ser que você saia na hora, e era assim... Isso foi o que eu não gostei, porque eu não consegui conhecer tantos fãs e dar tantos autógrafos e coisas do tipo como eu gostaria de ter feito. Porém o apoio e o encorajamento que eu tive do fãs foi absolutamente incrível".

Maiden Norway: Mas ainda assim, alguns fãs, como em um vídeo no Youtube onde vocês estavam tocando 'The Trooper', e eu acho que alguém cuspiu em você ou coisa parecida, deixaram você e Steve realmente irados. Aquilo mostra quão unida a banda é, a banda inteira estava tipo “Que porra está acontecendo!”

Blaze Bayley: "Pois é, bem, o que aconteceu foi… há um DVD completo em algum lugar..."

Maiden Norway: Um bootleg do Chile.

Blaze Bayley: "Foi, a televisão chilena apareceu, eles gravaram e depois exibiram. Foi a primeira vez que o Maiden esteve no Chile, eles foram impedidos de ir lá pelo Arcebispo do Chile antes, por causa, você sabe, essa bobagem de adoração ao demônio..."

Maiden Norway: Pois é, todos sabemos que o Steve é um adorador do demônio [risos]!

Blaze Bayley: "É [risos]. Eu quero dizer, é verdade... ele tem seis filhos e os come [risos]. Sim, é claro, e ele os sacrifica para os seus cachorros. Então, aquela era a primeira vez do Maiden lá. Mas desde que a banda foi banida do Chile, o METALLICA, BLACK SABBATH, várias bandas mainstreams tinham estado lá, então o Maiden ir pro Chile era, eu quero dizer, você sabe, perdoe minha religiosidade... mas era como realmente o Messias chegando, era como a chegada do Messias, então lá fomos nós..."

"Tivemos que correr do aeroporto, porque havia muitos fãs, não tinha seguranças nem nada, devia haver no mínimo 1000 fãs no aeroporto, tivemos que correr direto pra van, porque se começássemos a dar autógrafos viraria uma confusão. Eles sabiam o horário do vôo, porque todos já tinham esperado lá por tanto tempo, todo mundo estava lá esperando, esperando e esperando e não podiam realmente acreditar que o Maiden iria estar lá com eles, era incrível. A expectativa era incrível. Eles seguiram para o hotel, havia em torno de 500 fãs fora do hotel, e todo esse negócio era absolutamente uma loucura. Nós tivemos uma grande escolta da polícia para o show, era algo como umas 12 motos indo dos lados e muitos policiais para nos fazer passar pela multidão, absolutamente insano".

"Chegamos lá, e era um local para 20.000 pessoas, que era como um grande teatro com 5 andares de arquibancada subindo. Mas mesmo que fosse para 20.000 pessoas, todo mundo estava perto, teatro gigante, e nós tínhamos HEROES DEL SILENCIO abrindo em algumas datas sul-americanas. E a gerente da turnê veio até o camarim, e havia muitas entrevistas que tínhamos que fazer e ela disse 'certo, vocês estarão no palco em 45 minutos. Okay? 45 minutos, todo mundo'. E eu pensei 'okay fazemos a entrevista e essas coisas'. Cinco minutos depois a gerente da turnê volta, 'Vocês vão subir ao palco em 5 minutos!' E eu perguntei 'o que aconteceu?' Ela disse 'Bem, a banda de abertura foi expulsa a garrafadas'. Eu perguntei 'O que você quer dizer com isso?' Aparentemente, na primeira parte da primeira música, o pobre vocalista do HEROES DEL SILENCIO ficou lá desse jeito [Blaze cobre o rosto com as mãos], evitando as garrafas. Na segunda parte da música ele foi acertado, e na última parte da música ele estava assim [Blaze vira de costas e se ajoelha, e todos riem]. E foi isso, nós tivemos que subir no palco. As pessoas tinham esperado tanto pelo Iron Maiden, que não davam a mínima pra banda de abertura, eles não queriam saber de nada disso. Tudo o que queriam ver era o IRON MAIDEN. Então fomos lá, as luzes se apagaram, e foi uma das coisas mais barulhentas que você poderia ter ouvido. Quando você ouve a multidão, você sabe que é um grande concerto, e não é com freqüência que você ouve isso. É tipo 'aaaaahhhh' [Blaze faz o barulho da multidão e todos começam a rir]. É incrível cara, absolutamente incrível. E você tem 20.000 pessoas lá desse jeito 'aaaaahhhh', parece que você está nos BEATLES ou coisa assim, fantástico, e então..."

"Estávamos fazendo nosso set, estava tudo indo bem e você sabe, dando o nosso melhor e tudo mais. E todas as vezes que íamos para aquele lado, tinham umas 5 ou 6 pessoas cuspindo. Eles cuspiam bem em frente de Dave Murray, então Dave estava meio que desviando somente indo para trás na direção do seu amplificador. E então, o que acontecia é que toda vez que o Janick ia pra lá eles estavam cuspindo, era apenas esse pequeno grupo que estava começando a me irritar também. Estávamos aqui, haviam 20.000 fãs de metal fervorosos, que absolutamente amam essa banda e essas 5 pessoas estão nos impedindo de fazer o nosso show. Quem diabos são essas pessoas? Eles não são fãs de verdade. Quem diabos são eles, eles estão cuspindo na banda em que todos estavam esperando por todo esse tempo. Eu não vou sair do palco porque alguém está cuspindo em mim, mas eu não vou suportar que alguém fique cuspindo. Porque, você sabe, você pode pegar todo tipo de doença, e é realmente rude também, e o que mais? Você simplesmente vai recuar até a bateria e ficar cantando de lá? E não dar aos fãs o seu melhor?"

"Então, no final de 'The Trooper' eu vi onde eles estavam e no final da música eu disse, 'eu sei, okay, é real, tem 20.000 pessoas dentro desse lugar e há 5 pessoas aqui que estão cuspindo na banda, eles não querem ver o IRON MAIDEN, há pessoas nas arquibancadas que pagaram dinheiro e dariam o braço direito para estar onde esses caras estão. E eles não estariam cuspindo. Essas pessoas estão impedindo que nós façamos o melhor show que nós podemos. Que se foda, coloquem eles pra fora'. E assim fizeram, então… eles foram ejetados do local. E foi isso, nós não iríamos deixar o palco. E é isso o que você sabe. Eu fico louco quando estou no palco, eu estava pronto pra pegá-los. Vocês sabe, pronto pra pular do palco, fazendo 'eewwrg' [Blaze ergue o punho e todos riem]. Sim, eu estava pronto, estava pronto porque senti aquela paixão pela música. E os fãs, você sabe. Eu absolutamente odeio aquilo, odeio que alguém estrague o show por causa de outra pessoa, você sabe, quem não gostaria de estar na primeira fileira. Então, de qualquer modo, foi o que aconteceu. Mas você só viu aquele pequeno vídeo no Youtube, que tem um pouco de 'aaarg'. Você não viu 20.000 pessoas dizendo 'Vai Blaze, acaba com eles, isso!' E você não viu os fãs ao redor dizendo 'Vão pra merda, idiotas!' E o segurança 'Vocês estão expulsos!' E você não viu o show recomeçar e todo mundo fazer 'yyyeah!'"

Maiden Norway: Não foi só você e o Steve estava... o que era aquilo...

Blaze Bayley: "Pois é [rindo] então, o vídeo não conta a história inteira, daí fiquei com essa reputação, 'ohh, ele odeia os fãs' [rindo]. Eu só odeio os que cospem em nós".

Maiden Norway: Obviamente. E como os fãs do Maiden te tratam hoje em dia?

Blaze Bayley: "Muito bem, por aqueles que sabem de mim. Mas a coisa principal é, não há muitos fãs do Maiden da minha era que sabem alguma coisa sobre a minha carreira solo. Então, mesmo que eles conheçam Blaze Bayley como uma parte do IRON MAIDEN, muitos fãs não gostaram do 'X-Factor' porque não aceitaram a mudança no vocal. Há uma grande mudança entre Bruce e eu, são estilos totalmente diferentes de cantar. Muitas pessoas estão voltando agora para o 'X-Factor' e o 'Virtual XI' e os apreciando sem aquele contexto emocional de 'isso é novo e é tudo o que eu tenho'. Agora é, 'oh eu comprei aquele outro álbum do Maiden, e eu gosto de voltar, porque eu nunca dei uma chance a ele'. Então, estamos conseguindo muito interesse por aí, mas para ser honesto não são muitos os fãs do Maiden da minha era que conhecem alguma coisa dos meus projetos. Alguns conhecem o 'Silicon Messiah', mas nada sobre o resto. E muitos deles nunca ouviram as músicas. Então, aqueles que sabem mais ou menos sobre mim, pessoas que ouvem minha banda e ouvem algo do meu trabalho ficam 'Poxa, eu gosto disso!' Bem, há uma outra banda que é como o Maiden, com aqueles valores e letras interessantes, melodias, arranjos interessantes e tudo aquilo. Há uma outra banda da qual posso gostar, com aqueles valores. Ahh, true Metal e Heavy Metal".

"Mas não são muitas pessoas que sabem sobre mim, então é o que estamos tentando fazer pelos próximos dois anos, tocar em garagens e ir a qualquer lugar com baquetas e guitarras. No final das contas isso é tudo o que eu quero fazer, quando eu deixei o IRON MAIDEN, tudo o que eu queria fazer. Eu pensei, bem eu tenho um grande catálogo de canções, dois álbuns com o IRON MAIDEN, cinco álbuns com o WOLFSBANE, eu pensei que eu só iria reunir uma banda e mostrar aos fãs esse cara que tocou em frente a 3.000, 10.000 pessoas toda noite através da Europa. Na verdade, você veio me ver e pôde ver porque eu faço isso. É porque eu amo isso. Porque é a única coisa que eu posso fazer e que é a minha razão e propósito de viver desde que tinha 19 anos. Então era isso o que eu queria fazer, mas eu não tinha uma boa gerência na época. Eu não tive um bom acordo de gravação, muitas coisas não estavam certas. Daí nunca aconteceu. Mas eu sempre pensei que era a melhor maneira de fazer as coisas, exatamente como fizemos quando começamos com o Wolfsbane. Eu pensei, bem, bandas ainda devem ser capazes de alcançar isso saindo por aí e tocando ao vivo. Você sabe, sendo realmente bom".

"Se bandas tributos conseguem sair por aí e conseguir trabalho, então porque nós não conseguimos sair por aí e conseguir trabalho? Tocando nosso próprio material, e tendo um nome também, então. Antes ninguém iria me apoiar com isso. Mas agora nós temos um gerenciamento muito bom, que compartilha dessa visão. A banda inteira está comprometida em sair e tocar onde pudermos, nós estaremos lá. Na medida em que pudermos bancar estar lá, lá estaremos. E isso faz muita diferença".

Maiden Norway: O 'X-Factor' é considerado por muitos um dos melhores álbuns do Iron Maiden. Qual sua opinião sobre o 'X-Factor' e o 'Virtual XI'?

Blaze Bayley: "Eu acho que é realmente um bom álbum, há muitas ótimas músicas no 'X-Factor'. Uma das coisas que dificultou para as pessoas ouvirem no início é que o som está realmente diferente dos álbuns clássicos, mesmo que eu não goste do som em 'No Prayer For The Dying', ele ainda tem uma relação com o que veio antes. Mas o som no 'X-Factor' é muito diferente. Não é um som que brilhe e eu acho que é um tanto... É um álbum que leva muito tempo para se acostumar com o som, antes que você possa ter acesso à real emoção das canções. E há muita escuridão realmente, da emoção escura que é expressa, e eu acho que é por isso que as pessoas não se acostumaram logo de cara. É um álbum imenso, há muita música nele, e muitas emoções, e, você sabe, é algo de que eu me orgulho totalmente, de todo o processo de composição, e gravação, tudo. Muito trabalho duro, tomou muito tempo para ser feito".

"E eu tipo, você sabe, eu posso olhar para um álbum que vendeu um milhão de cópias pelo mundo, tem um single top 10 que eu escrevi no Reino Unido, e é isso o que você sabe. Eu não preciso de ninguém me dizendo que eu sou bom, eu não preciso provar nada a ninguém, eu sei que sou bom, porque aquilo foi eu quem fiz... eu fiz, então... eu não preciso provar nada a mim mesmo e nem ninguém, porque eu estou no 'X-Factor', eu estava lá, eu fiz a turnê, eu fiz o álbum, então é algo que eu me orgulho completamente. E é por isso que eu tento tocar coisas daquele álbum e do 'Virtual XI'. Toda vez em que saímos em partes diferentes da turnê nós trazemos alguma coisa desses álbuns, que talvez os fãs não tenham ouvido com o Maiden. E eles não tinham ouvido de mim. Há muitas canções que nunca foram tocadas, foi por isso que tocamos 'Judgment of Heaven' no Big Bash ano passdo e iremos tocar 'Edge of Darkness' este ano, e talvez algumas outras".

Maiden Norway: Houve alguma tensão na banda enquanto esteve por lá? Tipo, Steve e Bruce tiveram seus atritos.

Blaze Bayley: "Eu acho que não. Eu não acho que eu fiquei lá tempo o suficiente pra ter qualquer tensão. Todos estavam trabalhando tão duro, e as turnês eram longas, e muito a fazer, não houve realmente nenhuma tensão que eu... Você sabe, sempre trabalhei realmente bem com Steve e tenho muito respeito por ele. Eu aprendi muito escrevendo com ele e tal..."

Maiden Norway: Lemos em algum lugar que você e Nicko não se bicavam no fim...

Blaze Bayley: É…, bem, eu não consigo pensar em alguma época em que tenha tido atritos com o Nicko, talvez o Nicko tenha ficado chateado comigo e eu não ficasse sabendo ou coisa assim. Ele deve ter ficado aborrecido. Mas não, realmente não. Fiquei bem com todos, eu acho, você sabe, Nicko não era realmente parte do processo de composição, então eu não era tão próximo dele como eu era de Steve e Janick".

Maiden Norway: É verdade que algumas das canções em 'Brave New World' foram escritas durante o 'Virtual XI'?

Blaze Bayley: “Sim, é verdade”.

Maiden Norway: Você lembra de alguma delas?

Blaze Bayley: "Realmente não quero falar [risos]"

Maiden Norway: "É justo. Então, O IRON MAIDEN tem alguns dos melhores fãs do mundo, você sabe o motivo?"

Blaze Bayley: "Sim, porque a banda é, desde o começo, verdadeira consigo mesma e com suas próprias coisas. Ela não é pautada pelo compromisso comercial porque ela é o que é. Tem sua própria identidade e eu acho que uma das coisas que eu realmente gostei quando entrei na banda foi, eu sabia que o IRON MAIDEN era enorme, eu sabia porque as pessoas amavam o IRON MAIDEN e era porque o IRON MAIDEN sempre se manteve fiel àquele caminho, o que quer que fizessem, sempre se mantinham fieis àquele caminho. E eles sempre têm padrões muito altos. Então é assim, só existem duas bandas que são lendas vivas, uma é o KISS e a outra é IRON MAIDEN. Eu sabia como fã das duas, que uma vez que você é parte de uma delas você será sempre lembrado por isso. Você não pode se livrar disso, então eu entrei sabendo disso, abracei isso e eu acho que foi algo muito difícil para Bruce Dickinson, sair do IRON MAIDEN e ainda ser como uma parte de sua lenda. Mas para mim entrar lá, eu ainda terei um legado. E assim será, as pessoas irão sempre lembrar de você do IRON MAIDEN. Eu era fã da banda antes, eu amei estar na banda, eu amei excursionar e tudo mais, não foi problema, foi algo que eu realmente curti. De modo que eu não me importo em ser o ex-vocalista do IRON MAIDEN, é melhor que ser o ex-vocalista do A-HA [todos riem]".

Maiden Norway: Qual a história por trás de sua saída e o repentino retorno de Bruce?

Blaze Bayley: "É… Eu acho que foi uma decisão empresarial, eu não posso dizer muitos detalhes disso, mas eu acho que houve uma queda mundial na venda de CDs. Então eu acho que alguém na EMI estava em pânico, e havia a reunião do BLACK SABBATH, havia uma reunião do DEEP PURPLE e havia um punhado de outras reuniões, e todas estavam indo muito bem, e eu acho que alguém em algum lugar pensou 'ok, o jeito de levantar a banda é ter uma reunião'. E então, eu acho que foi isso que ocorreu, eu acho que foi uma decisão comercial".

Maiden Norway: E você ficou bem com isso?

Blaze Bayley: "Não, eu fiquei amargamente desapontado, de verdade. Bem desapontado. Sem chão, isso quase me matou. Mas o que estava no meu coração o tempo inteiro era que contanto que o IRON MAIDEN pudesse continuar, isso era o mais importante. Não que eu estivesse na banda, mas que a banda continuasse. Contudo, eles continuaram, tem que haver um IRON MAIDEN. Deve haver, porque eu sou um fã em primeiro lugar e mesmo que eu tenha tido essa aventura fantástica e então essa horrível ferida, ainda estava tudo bem, IRON MAIDEN deve continuar, sendo eu uma parte dele ou não. E à medida que as semanas passam e você começa a escrever seu próximo trabalho, seu próprio material, foi então que eu percebi o quanto havia aprendido, e quanto eu tinha mudado como vocalista e como pessoa, quanto eu aprendi sobre a minha voz, e composição e tudo mais".

"Mesmo que eu tenha tido aquele tormento, de repente você está numa banda, você sabe que irá fazer um álbum, você sabe que vai sair em turnê, você sabe que irá fazer outro álbum, tudo o que eu sempre quis. Quando comecei a escrever, eu percebi que tinha uma confiança totalmente nova em mim que eu nunca tive antes. Foi isso o que eu realmente absorvi do IRON MAIDEN, a confiança de que eu sei que quando estou escrevendo uma idéia, eu sei se vai ser bom. E eu sei que sou bom o bastante, porque eu compus com as melhores pessoas do mundo. Então é isso. As pessoas respeitam as idéias que eu crio, o que é realmente o presente mais incrível que você pode ter. A confiança e a imaginação e aprender a como tirar suas idéias de sua imaginação e fazê-las soar alguma coisa no seu CD. Essa é uma dádiva incrível, e eu nunca tinha tido antes. Então eu tenho que agradecer ao Steve Harris e aos caras do IRON MAIDEN por isso".

Maiden Norway: Você ainda tem algum contato com a banda?

Blaze Bayley: "Sim, nós… Todas as vezes que eles tocam em Birmingham vou vê-los. Esperançosamente irei vê-los em Twinckenham e em Paris esse ano".

Maiden Norway: Você faria novamente um show com o IRON MAIDEN se houvesse uma chance?

Blaze Bayley: "Se fosse nas circunstâncias certas, se fosse como uma aparição especial... Minha fantasia é uma enorme reunião em que os vocalistas originais cantem suas canções".

Maiden Norway: E esse é o sonho de todo fã do Maiden, você Paul e Bruce...

Blaze Bayley: "Sim, você sabe, não dá pra fazer o Clive vir e fazer a parte dele, mas a vibração genuína da coisa, e seria ótimo, porque eu acho que há um grande aniversário chegando em alguns anos, e isso seria absolutamente... seria muito divertido, não voltar a banda de novo e coisa assim... mas..."

Maiden Norway: Fazer pelos fãs;

Blaze Bayley: "É, fazer isso por eles, eu adoraria fazer isso".

Maiden Norway: Porque há muitos fãs que nunca tiveram a chance de ver você ou Paul com o IRON MAIDEN, e adorariam ver você cantando "The Clansman", "Sign Of The Cross" e coisas do tipo. Então, qual seu Eddie favorito?

Blaze Bayley: "Eu acho, é… meu Eddie favorito tem que ser o Eddie original".

Maiden Norway: O punk?

Blaze Bayley: "Sim, eu quero dizer, eu o vi do público durante a turnê do 'Somewhere in Time', e aquele Eddie era maravilhoso. Com os lasers e todo resto. Fantástico. Sempre houve problemas com o Eddie do 'X-Factor', ele não era tão estável, eu acho realmente que o Eddie do 'X-Factor' não tinha a confiança de alguns dos outros Eddies. Eu me lembro do último show da turnê do 'X-Factor', foi na França, deve ter sido em Pope, ou algum lugar perto de Pope. E o Eddie... era a música 'Iron Maiden' e o Eddie aparece, eu estou em frente fazendo 'yeah!', e então todos os fãs estão rindo? Eu pensei será que são minhas calças ou algo do tipo? Que porra está acontecendo [todos riem]? Na primeira fileira todos estão rindo. Normalmente você vê todos fazendo 'aaarrr', não rindo. Então, eu tava meio assustado. Que porra está acontecendo? E ninguém estava olhando pra mim, eu pensei 'o que está acontecendo?' e eu olhei em volta e o Eddie tava sendo puxado pra fora do palco pelos pés [todos riem], Eddie tinha andado meio assim [Blaze anda feito um marinheiro bêbado], então ele 'aaaawww' [Blaze mostra a queda do marinheiro bêbado]. Oh cara, eu estava rindo, eu comecei a rir e não conseguia cantar, porque eu estava rindo tanto. Foi tão engraçado. Eu acho que ele era o menos confiante de todos os Eddies [todos riem]".

Maiden Norway: Qual sua música favorita do IRON MAIDEN?

Blaze Bayley: "Humm, essa é difícil. Há tantas, Eu falo dos clássicos atemporais que nem mesmo são mais músicas do Maiden. São canções clássicas no mundo da música. Se você pensa em 'The Trooper', ela é... é uma das minhas favoritas e eu a toquei também em um show acústico, porque eu precisava ter a minha própria versão dela, porque eu amo demais essa música. E se você pensar sobre ela desse jeito, ela não pertence mais ao IRON MAIDEN, ela pertence agora aos fãs de Metal em geral, porque ela um gigante, e você não tem que gostar do IRON MAIDEN para gostar dessa canção. Você não precisa ter nenhum álbum do IRON MAIDEN para conhecer 'The Trooper', é uma canção clássica atemporal, tanto quanto 'We Will Rock You' é uma canção clássica do QUEEN ou 'Crazy Nights' é uma canção clássica do KISS. É uma dessa canções que podem de verdade ganhar vida, então há todos esses clássicos atemporais".

"Mas, sem contar nenhuma das músicas que eu fiz, eu gosto de verdade de 'Wasted Years'. E eu a toquei nos meus shows acústicos, e também quando sai em turnê com DORO, com a orquestra, eles fizeram um arranjo especial pra mim, porque eu nunca cheguei a cantar ela quando estava na banda. E eu sempre adorei ela, a melodia, tudo, mas nunca fizemos, então eu pensei 'Bem, eu irei tocá-la apenas pra mim mesmo porque eu tenho essa oportunidade, que se dane eu irei tocá-la!'. Há tantas, eu quero dizer... 'Seventh Son Of a Seventh Son', você sabe, às vezes eu a coloco pra ouvir, essa é uma grande canção, há umas canções ótimas em 'Seventh Son Of a Seventh Son'. Há muitos clássicos, mas é uma coisa diferente escolher um deles".

Maiden Norway: Tem sido difícil para você continuar como artista depois do IRON MAIDEN? Quando o Maiden fez a sua grande reunião, lançou um álbum na mesma semana que você.

Blaze Bayley: "Só tem sido difícil por causa do gerenciamento, e eu tive... eu não tive um bom acordo de gravação. Então, com essas duas coisas contra você, é isso. Eu tive uma ótima oportunidade depois do Maiden de lançar meu álbum antes do deles e excursionar, fazer alguns shows e mostrar às pessoas quem é o Blaze Bayley. Eu nunca tive isso, nunca aconteceu. O gerente que eu tinha era tão preguiçoso e incompetente, que ele não conseguia fazer o álbum ser lançado, e nem mesmo agendar uma turnê. De forma que eu estava nessa situação louca, em que eu tinha o meu álbum pronto, o trabalho de arte feito, mixado, masterizado, tudo em dezembro. E eu falei com a gravadora sobre lançá-lo antes do Maiden e Rod Smallwood me disse: 'Se você conseguir lançar seu álbum antes do Maiden, há uma chance muito boa que você possa capitalizar com a fama que adquiriu com o IRON MAIDEN, atrair um pouco de interesse, você sabe, você pode ser capaz de começar a alcançar isso'. E o Rod ainda me disse: 'Eu acho que você deve ser capaz de vender uma certa quantidade de álbuns e acho que pode se sair bem, e fazer a vida. Na Europa você não tem que vender milhões, você não tem que vender o que o Maiden vende, se você manter os custos baixos, você será capaz de fazer sua vida'".

"Então eu achei que era isso o que iria acontecer. Mas com a gerência que eu tive na época, o álbum saiu na mesma semana que o 'Brave New World', então, se você é um fã sem muito dinheiro, você não vai olhar para o álbum do Blaze. Você vai comprar o 'Brave New World' e dizer 'Vou deixar pra comprar o álbum do Blaze numa outra hora', se você lembrar de comprá-lo. E outra coisa é que nem uma única data de turnê foi agendada para divulgar o álbum. Eu vim de um cenário... a primeira coisa que eu queria fazer era cantar ao vivo. Você sabe... e o Maiden é uma banda ao vivo, o Wolfsbane sempre foi uma banda ao vivo, e era tudo o que eu queria fazer, é isso o que eu sou. Eu sou um cantor ao vivo que tem de ir ao estúdio gravar um disco para que eu possa tocá-lo ao vivo. E nunca aconteceu".

"Então, na verdade, depois que saí do IRON MAIDEN eu realmente nunca tive a chance de qualquer sucesso duradouro. Eu nunca tive a chance de chegar em lugar algum por causa das circunstâncias. Foram muitos problemas, dor no coração. Quando você não tem nenhum dinheiro entrando, é difícil manter uma banda junta. E de tudo aquilo, não era isso o que todos esperavam. Se você vai viver essa vida, você tem que estar preparado que esta é a vida que você vai levar. Inferno ou céu. Você sabe, rico ou pobre. Você está vivendo essa vida. Você vive isso porque ama o Metal, e ama se apresentar e escrever suas próprias músicas. Isso não é pra todo mundo, não é tipo 'Bem, vou desistir do meu trabalho e então ser pago para estar numa banda de Metal'. Não. Qualquer grande artista verdadeiro vive pra isso. Essa é a única forma que faz com que tudo valha a pena na sua música, é porque ela vem da dor, experiência, paixão de viver pela sua música. E é o que eu fiz".

"Então, no fim de 'Blood And Belief' eu estava bem mal. Eu tinha muitos problemas com álcool, forte depressão, quase tive uma parada no final de 'Tenth Dimension', estressado por causa da gravadora, totalmente quebrado, eu gastei todo meu dinheiro tentando manter a banda junta. Eu estava absolutamente fudido. Eu só pensava em manter as coisas como estavam, e então eu encontrei minha esposa. E ela me conhecia... nos conhecíamos por 18 anos, [Debbie olha pra ele] 20 anos [todos riem]. Estivemos separados por anos, porque eu segui essa paixão pela música, e Debbie seguia a paixão dela, ela era dançarina e acabou abrindo um salão de cabeleiro, e aí nos encontramos de novo quando eu estava no fundo do poço. Minha esposa me encontrou, e realmente me fez acreditar em mim de novo, que não era tudo culpa minha. Não era porque as pessoas não gostavam do que eu estava fazendo, era o fato de que elas na verdade nem sabiam o que eu estava fazendo. De modo que havia uma grande diferença".

"E é isso. Ela me apoiou, eu tive um apoio incrível da minha família, meus amigos, e os fãs que ficaram comigo eram simplesmente incríveis. Com esse tipo de apoio e com minha esposa por trás, me ajudando a levantar, passar pelo problema da bebida, depressão e tudo aquilo. Daí realmente começou a acontecer. Por que ao invés de pensar logo no próximo álbum, você não pára e pensa 'Certo, se você vai fazer isso direito do começo, como você vai fazer isso?' Bem, eu faria exatamente o que deveria ter feito quando sai do IRON MAIDEN. Vou formar uma banda, escrever um álbum, entrar numa van e ir tocar onde for. Daí comecei a entrar em contato com pessoas para tocar na banda, eu disse o que eu queria fazer e iremos compartilhar tudo. Absolutamente tudo. É BLAZE BAYLEY, mas seremos uma banda. Compartilharemos as composições, o dinheiro, a porra das contas. Desde então, desde que temos essa formação junta, essas cinco pessoas, é realmente muito forte. Estamos todos confiantes sobre o futuro".

Maiden Norway: Na verdade isso também se reflete nos palcos; O novo álbum sairá em junho, ele será lançado pelo seu próprio selo?

Blaze Bayley: "Sim. O que aconteceu é que eu estou absolutamente farto das gravadoras convencionais, porque... se você faz um álbum, e digamos ele vale 13 libras, então só 1 libra vai para o artista, mas além dessa libra, você tem que fazer o álbum, tem que sair em turnê. Se um fã gastar 13 libras no seu álbum, você acaba não recebendo nada disso, porque você está pagando de volta o que pegou emprestado da gravadora pra fazer o álbum".

"De modo que você está permanentemente em um ciclo vicioso. A menos que você venda mais que 50.000 ou 60.000 álbuns, você nunca verá a cor do dinheiro, mas há toneladas de dinheiro vindo do álbum, você só não o vê. Vai tudo pra gravadora. Eu simplesmente pensei 'Isso não faz nenhum sentido. Foda-se, vamos fazer isso sozinhos. Vamos ver se conseguimos um acordo de distribuição', e então a primeira pessoa com quem entrei em contato foi a 'Plastic Head' do Reino Unido, Eu acho que eles distribuem para a Nuclear Blast também. E eu disse 'Eu sou Blaze Bayley, este é meu álbum, eu tenho minha própria gravadora, você quer distribuí-lo?' E eles disseram 'Sim, quando você quer lançar seu álbum?'.

Maiden Norway: O que podemos esperar do Blaze para o futuro?

Blaze Bayley: "É… Nós temos esperança de lançar o álbum. Tivemos vários problemas técnicos inesperados".

Mainden Norway: Sim, ele já está atrasado.

Blaze Bayley: "Sim, esse é o ponto, nós poderíamos lançá-lo amanhã, mas seria com uma qualidade pobre, ele tem que ser tão bom quanto 'Blood And Belief' e 'Silicon Messiah'. Tem que ser bom daquele jeito. Porque de outra forma eu não serei capaz de conviver com isso. Ele tem o meu coração, meu... dentro do meu coração de Metal há o coração de um fã de 13 anos. E aquele fã de 13 anos tem que ter esse álbum. Absolutamente matador, ele tem que estar junto de todos os outros caras comprando os álbuns, porque é o primeiro com o meu próprio selo. Dessa forma, o que as pessoas podem esperar de nós é 100%. Tudo o que pudermos dar, tudo o que pudermos fazer, nós temos pequenos corações de Metal, somos todos fãs nessa banda, todos pensamos como que é quando compramos CDs, sobre as partes boas e os desapontamentos. E é exatamente isso. Não há ninguém entre nós e os fãs. Então, ninguém de fora da banda tem nada a dizer sobre a música, e era exatamente assim no IRON MAIDEN. Eu acho que essa é uma grande razão para o sucesso do IRON MAIDEN, e tenho esperança de que será também a razão para o sucesso da banda BLAZE BAYLEY e das gravações da BLAZE BAYLEY. Eu não acredito realmente que as gravadoras mainstreams têm algum entendimento do porquê as bandas de metal chegam lá. Eu não acredito que eles entendam de música em geral. Então, pelo menos com esse selo de gravação será o artista para o fãs. E é isso".

Maiden Norway: Qual foi o seu melhor momento até agora?

Blaze Bayley: "Acho que foi eu me casar. Você sabe... na verdade, no final das contas, estando em um lugar onde... você sabe eu passei por turnês enormes, tocando no 'Monsters of Rock' em frente de 70.000 pessoas, tocando um ou outro show realmente pequeno com o IRON MAIDEN, de tudo aquilo eu acho que uma das melhores coisas foi quando eu toquei no Wacken com minha própria banda, e quando eu me apresentei com DORO no 'Classic Diamonds'. E de tudo isso a melhor coisa é... parece falso, eu sei... é estar casado. Simplesmente estar casado com a minha esposa. E sentir que o que estamos fazendo musicalmente é correto, e é isso. Uma parte do sucesso é apenas se manter firme. Para mim pessoalmente, minha esposa fez isso ser possível, apenas se manter firme".

Maiden Norway: Você acha que haverá mais reuniões do WOLFSBANE?

Blaze Bayley: "É…, provavelmente, é…, nós deixamos isso em aberto. Eu quero dizer, já fazem... já fazem muitos anos desde que nós terminamos, e retornamos apenas para fazer um pequeno show em Tamworth. Tocamos umas seis canções, meio que uma jam depois do meu show. Deu tudo tão certo que nós... nos divertimos pra caramba. Então, nos foi oferecido sair em turnê com o WILDHEARTS só pelo Reino Unido. E foram realmente cinco grandes shows esgotados. E foi tudo muito divertido. Todos nós estamos fazendo coisas diferentes e comprometidos com coisas diferentes, mas nós meio que... No final da turnê nós simplesmente dissemos 'Bem, vamos deixar em aberto'. Se surgir uma oportunidade desse tipo de novo e estivermos todos livres e nada mais estiver rolando nós provavelmente faremos. É..., mas o foco principal está na banda BLAZE BAYLEY".

Maiden Norway: Certo, mas você não acha que podem ser gravados mais álbuns?

Blaze Bayley: "Eu não diria nunca, mas não há planos para nenhum álbum do WOLFSBANE. Porque... é de uma época diferente. Eu não diria nunca porque, você sabe, tenho esperança de que até lá a banda BLAZE será grande o bastante e nós só seremos capazes de tirar pequenas folgas. Mas no momento estamos planejando apenas manter a turnê. Excursionar o quanto nós pudermos, tocar em todos os lugares, você sabe, não ligamos se é dentro do bar ou na garagem ou..."

Maiden Norway: Ou em um estúdio de ensaio na Cracóvia...

Blaze Bayley: "Isso, onde tiver que ser, se pudermos estar lá e os fãs vierem nos ver, você sabe, é a coisa mais importante pra nós, ter a oportunidade de tocar em frente de fãs de metal de verdade. É tudo o que nós realmente queremos."


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