domingo, 4 de setembro de 2016

Phillips Monsters Of Rock – 1996 - 20 anos




Por Val Oliveira
No dia 24 de agosto de 1996 o Iron Maiden retornava pela terceira vez ao Brasil, sendo a primeira vez com Blaze Bayley nos vocais. Na sequência, após o show no Phillips Monsters Of Rock, em São Paulo, ainda seriam feitos shows em Curitiba (25 de agosto) e no Rio de Janeiro (26 de agosto). 

No dia 24 de agosto, o evento, realizado no estádio do Pacaembu, ainda contou com Héroes del Silencio, Mercyful Fate, King Diamond, Helloween, Raimundos, Biohazard, Motörhead e Skid Row.

O Iron Maiden estava nas ultimas datas da X-Factour, que tinha começado em 1995, com o lançamento do The X-Factor, com um ano de atraso, devido ao acidente de moto que tinha ocorrido com Blaze.


Como praticamente a internet no Brasil estava começando a passos de tartaruga, as poucas informações que chegavam para os fãs brasileiros eram através de publicações impressas, no caso a Rock Brigade. Existiam outras revistas dedicadas ao gênero na época, mas que não tinham a mesma seriedade, chegando algumas a copiar matérias de revistas como a Kerrang, RockHard, Metal Hammer entre outras e não darem crédito, e muitas vezes publicando como se fosse de autoria própria. 

Dessa forma, aos poucos foram chegando reviews dos shows da donzela de ferro, e as resenhas se dividiam em relação ao novo vocalista e seu desempenho ao vivo. A esse fato, devemos falar que existem vídeos que comprovam que Blaze estava em forma, cantando bem e agitando no inicio da tour, mas como ele nunca tinha feito longas tours com o Wolfsbane sua voz e performance foi se deteriorando ao vivo ao longo das datas. 

Lógico que sua voz e desempenho não eram uma unanimidade, e geraram fortes críticas, inclusive a Kerrang fez reviews que enfureceram Steve Harris, e o fizeram invadir a redação para tirar satisfações. A essas críticas, a banda, ainda em 1996, compôs e lançou a inédita “Vírus”, que fazia parte de sua primeira coletânea - Best of the Beast – e lançada com single em diferentes versões.

Iron Maiden no Brasil!

Lógico que os fãs brasileiros estavam ansiosos para ver novamente a banda, mas com uma pulga atrás da orelha em relação ao novo vocalista. 

Aos poucos fomos tendo acesso a bootlegs onde podia-se conferir a sua voz ao vivo. Alguns bootlegs se tornaram populares como o “The Eternal Flame” e o “Sentrum”. A picareta revista Metalhead publicou não só o tour book, onde apagaram digitalmente o logo da Rock Brigade estampado na camisa de Dave Murray, mas diversos posters e revistas especiais com a nova formação. 

A Rock Brigade publicava resenhas dos shows que aconteciam no exterior e deixavam todos ansiosos para a apresentação no Brasil. Quem não pode ir aos shows, se contentou em assistir pela rede CNT, a apresentação de São Paulo, que foi dividida em dois dias de apresentação na TV, semanas depois.

Os comentários e opiniões se dividiram ainda mais, alguns aprovaram, outros odiaram o novo vocalista, e clamavam pela volta de Bruce Dickinson.

Assista o show, com imagens da CNT:



Abaixo colocamos alguns depoimentos que colhemos na nossa página do facebook, agradecendo de antemão a todos que colaboraram:

Thiago J Baeza: Galera, eu fui no estadio do Pacaembu em 1996 ver o Maiden com o Blaze, infelizmente não tenho fotos pois entrar com câmeras na época era muito complicado. Me lembro muito bem que era obrigado a acompanhar a MTV ( Furia Metal ex-programa do Gastão) para ter um pouco de informação sobre o Maiden, pois internet não era como hoje, apenas as BBS e não tinha tanta rapidez na divulgação, éramos obrigados a esperar a 89FM para escutar Man on The Edge... Lembro que esse show ocorreu no Philips Monsters Of Rock, eu pirando assistindo Motorhead e quando o Skid Row subiu ao palco eu estava próximo da grade junto de mais algumas pessoas viramos de costas para o Sebastian Bach e começamos a jogar coisas no palco para que acabasse o show mais rápido. Queríamos ver o novo Maiden... O show foi sensacional, mesmo na entrada do estádio onde tinha algumas pessoas com faixas e uma cara com um mega fone gritando "vamos vaiar o Blaze Bayley, queremos o Bruce devolta", coisa que eu nunca concordei porque o X Factor é uma obra prima.... O show foi sensacional, isso pode se ver pela própria transmissão da extinta TV Gazeta depois CNT, e quando o Maiden tocou 2 minutes to Midnight, era no meu relógio 23:58 hahahaha foi insano isso e até hoje o Blaze se recorda disso... Esse foi um show que nunca vou me esquecer e a volta pra casa foi bem legal, voltamos em uma galera a pé...  Foi inesquecível.....

Eduardo Greco: Eu tenho o VHS desse show, que foi transmitido pela CNT mesmo. Lembro também que foi a primeira passagem do Helloween por aqui e foi um sucesso.
Eu ia nesse show, mas era novo, tinha 14 anos e Mamãe não deixou, Huahuahua
Foda!!
Acabei indo em Campinas na Virtual XI Tour, e vocês sabem o quê aconteceu, outra decepção.
Mas consegui finalmente ver o Maiden no maior e melhor show que presenciei deles em toda a minha vida, no Rock In Rio de 2001, e olha que de de lá pra cá, acompanhei todas as turnês no Brasil, indo não só em São Paulo, mas Rio também.

Veronica Bessa: Me lembro muito bem! Meu primeiro show do Iron eu então com 15 anos tive que tirar nota 9 na prova de matemática pro meu pai poder me liberar pra esse show!! Foi emocionante, apesar de Blaze que é muito bom vocalista e segurou o nível muito bem... "Man in the Edge" foi o ápice... Mas confesso que pra mim faltou a cereja do meu sundae ... Bruce é a alma... A estrutura do Pacaembu precaríssima, banheiro feminino nem se fala... Não se compara com o show de 20 anos depois no Allianz Park... Mas enfim, não esqueço nunca quando olhei pro relógio aquela noite e faltavam exatamente dois minutos pra meia noite e essa memorável música começou a ecoar no Paca... Aquela menina de 15 anos foi às lágrimas...



Ricardo Alves: Eu lembro como se fosse ontem... era muita expectativa em torno do "novo vocalista" do Maiden. Não tínhamos fontes de comunicação para saber como seria o palco, set list... era tudo surpresa mesmo. Eu tinha 19 anos, e como não tinha grana, tive que vender um walkman Sony que eu tive pra poder comprar um ingresso pra pista. Cheguei às 8 da manhã no estádio, sendo que os portões só abriam meio dia se não me engano. Na hora do show da Donzela estava bem próximo do palco.

Franco Melo: Outra lembrança desde festival foi a fivelada que o Sebastian Bach tornou na testa! Kkkkk...Tocar entre o Motorhead e o Maiden e ainda se parecer com uma boneca é foda! Não tocaram nem meia hora. Anos depois ele confessou sofrer de depressão e quase parou de cantar...
Camisa do show! Mandei recortar as estampas e costurar numa camisa nova. Melhor lembrança que ficou...

 


Anderson Teles Barreto: Só de falar dá até arrepios neste dia, para conhecer o novo vocalista do Iron a expectativa era gigantesca, apesar da voz de Blaze as vezes ficar oculta com o instrumental do Iron, foi fantástico.

Caio Sandoli: Eu fui. Monsters of Rock de 96 no Pacaembú. Foi meu primeiro show do Iron na minha vida e claro que foi muito bom, mas gostaria de ressaltar que o festival todo foi irado. Do lado de fora, na praça Charles Muller, tinham uns metaleiros muito loucos se jogando nas ribanceiras que rodeiam a praça. Os caras caíam rolando o barranco e se sujando todo na lama e a galera na fila pra entrar delirava. Kkkkkkkkkk.

André Luis Cardoso Rodrigues: Eu fui... O festival foi maravilhoso.... Raimundos fez um dos melhores shows de sua carreira... o Skid Row terminou o show antes pois a galera começou a xingar o Sebastian... Helloween fez um show fantástico... Motorhead sensacional... o show do Maiden começou meia a noite lembro como se fosse hoje.... foi o primeiro show sem o Bruce.... bom eu gosto do X Factor... acho as musicas boas o instrumental fantástico e o Blaze mandando bem nas musicas.... o publico recebeu muito bem o Blaze e ele estava animado.... as musicas que o Bruce cantava não tem como comparar... me deu choque escutando ele cantar mais pelo amor que tenho ao Bruce mais de maneira nenhuma julgo o Blaze.... creio que fez um ótimo álbum, o Virtual XI e um album ruim... Mas tem The Clasman que um clássico... bom o show foi ótimo... Depois assisti mais duas vezes em 1998... uma em Sao Paulo e o ultimo show do Blaze na Argentina... bons shows... digo bom pois depois assisti no dia 19 de Janeiro de 2001 o maior show que assisti na minha vida... Iron Maiden Rock in Rio.... mas resumindo, foi um festival maravilhoso... Com preço que da saudade e Bandas perfeitas para o Monsters...

 
Jailton da Mota: Na época do Monsters 2015, a Mercury concerts e o fotografo Marcelo Rossi postaram um flicker com várias fotos das edições dos Monsters, inclusive da edição 96 onde a maioria não foi publicada em nenhuma revista-jornal da época e a net por aqui sequer existia. Fiz uns prints pra guardar de recordação e ajustei no tamanho e corte em jpeg para um álbum pessoal agora na data dos 20 anos do evento, mas com todo lance de direitos autorais nem sei se tem como repassar aqui.
De registros do show, temos as duas transmissões da CNT-Gazeta com cerca de 3 horas do festival e 73 minutos do set do Maiden. A versão exibida pela primeira vez, incluia um trecho do refrão da Man on the Edge nos créditos ao final da primeira parte e na reprise cortaram por algumas imagens da banda agradecendo o público após o final do show. Tinha isso gravado na época de acervo pessoal mas a burrice fez com que gravasse em EP-SLP com qualidade meia boca e depois nas cópias compradas ou disponibilizadas pela net, só aparecem versões sem esse trecho. De gravações audience, temos duas versões do show completo gravadas das cadeiras azuis do Pacaembu (lado esquerdo do palco), uma mais lateral e outra mais longe filmando o palco inteiro. Postaram essas duas versões no youtube esses tempos, mas com qualidade inferior aos VHS originais. Uma das versões possui um pequeno corte entre o finalzinho de 2 Minutes e o primeiro refrão de Sancturary e inclui a queima de fogos antes do bis com a The Number. Incrível perceber como o som ambiente audience daquela época (20 anos) gravado sem HD num filmadora JVC nem se compara a qualidade de som dos shows do Maiden pos-2004. O som era nítido e perfeito (talvez a acústica do Pacaembu ajude e em 98 no tosco Anhembi tb estava ótimo apesar da chuva). Creio que apenas no RIR 2001 vi um som do Maiden com a mesma qualidade do show de 96 até os dias de hoje.
Em áudio, existe um bootleg da antiga gravadora italiana KTS com o registro soundboard (e até hoje não faço idéia como eles arrumaram essa gravação) com 13 faixas e a qualidade de som perfeita (algumas falhas na equalização da guitar do Janick), pena que cortaram alguns pedaços de algumas faixas para as 13 faixas couberem nos 70 minutos do cd (deveriam ter lançado em cd duplo).
Sobre o show em si e algumas lendas: O Maiden NÃO entrou no palco as 23:58 horas como muitos dizem (e saiu em algumas revistas na época),a banda subiu ao palco por volta das 00:20, o Blaze errou o tempo na segunda estrofe de Afriad to shoot strangers - cantando antes do instrumental - trocou parte do 2º verso da Lord of the Flies na primeira parte e no geral não teve nenhum outro "erro" gritante. Obviamente a performance em faixas como Trooper, The Evil, Hallowed todos tem suas conclusões. Comparado a outros shows da turnê ele falou menos com a platéia ou durante as faixas (ele mesmo havia postado algum tempo atrás como estava impressionado cantando em frente ao Pacaembu lotado), o Harris afirma na biografia oficial como esse show foi marcante por todo processo que a banda passava na época (entre a saída do Bruce, divorcio, escolher outro vocal, a cena metal em baixa, a banda tocando em pequenos clubes apenas para os fãs etc), o Motorhead NÃO tocou duas horas, fez um set de cerca de 80 minutos (deixou algumas faixas de fora pois atrasou a entrada no palco), o Skid Row tocou cerca de 45 ou 50 minutos (previstos cerca de 90), o Raimundos realmente roubou a cena pois praticamente todo mundo mesmo quem não gostasse conhecia alguma música (o Sepultura era pra ter sido a atração nacional, mas como o Roots "bombou" na gringa a banda não tinha agenda para agosto, vindo apenas em novembro com shows próprios), o Helloween fez na minha opinião o melhor shows no país até hoje, apesar do set curto e quem diria, de bônus ainda tivemos a chance de ver o lendário Mercyfull Fate com o King Diamond solo e embora descolado no cast, o show do Biohazard também animando muita gente (uma banda que nunca fui fã, mas empolga ao vivo).

Franco Melo: Fui nesse festival Monsters of Rock de 1996, com bate-e-volta e tudo! Muitas lembranças! Lembro de uma moça que tentou entar com uma garrafa de Gatorade de vidro (na época vendia) e ao ser impedida, ao invés de tomar, ela jogou a garrafa no chão e foi carregada aos gritos pra fora do estádio! Hilário! Pagou a não vou o show! Quanto ao Blaze, a minha expectativa era grande, pois gostava do X-Factor, que era diferente de tudo o que o Maiden já gravou, denso, profundo. Ele mandou bem nas músicas novas que gravou, mas as músicas do Bruce e do Paul não ficaram boas e nunca ficariam, né? Mas sou fã do cara também e fui no show em BH, tirei fotos, autografou os encartes dos CDs e quase tomei umas cervejas com ele...hehehehehe.


Disponibilizamos, em boa resolução, matérias da época, do inicio da X-Factour, e após o show do Monsters (Clique para ampliar).

Revista Dynamite 19 de outubro de 1995:

Coleção Metalhead 11 - 1995:
 


Rock Brigade 114 - janeiro de 1996:


Rock Brigade 120 parte 1 - julho 1996:



 Rock Brigade 120 parte 2 - julho 1996:




Rock Brigade 122 - parte 1 - Setembro 1996:

Rock Brigade 122 - parte 2 - Setembro 1996:

 Rock Brigade 122 - parte 3 - Setembro 1996

 Revista Metalhead 14 - 1996:


 Rock Brigade 123 - Outubro 1996:





Agradecemos a todos que participaram e contribuíram para está matéria.


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