Nota: 7,0
Resenhar qualquer material do Blaze Bayley é para mim uma missão complexa, já que para quem me conhece, sabe que tenho uma profunda admiração e respeito pelo eterno ex-Iron Maiden. Goste ou não de Blaze não dá pra negar que o cara é daqueles que amam a música e respeita seus fãs como poucos artistas de nome o fazem.
Há uns anos atrás, tive a oportunidade de conhecer e conversar com ele pessoalmente e pude perceber que o cara tem uma história de vida realmente complexa, o que me fez admirá-lo ainda mais.
Após sua saída da Donzela de Ferro, ocorrida no final dos anos 90, Blaze começou a se dedicar a uma interessante carreira solo, com 9 álbuns de estúdio lançados, inclusive o primeiro deles, o fantástico “Silicon Messiah” (2000), é até hoje muito saudado até pelos mais ardorosos fãs de Iron Maiden.
Depois de altos e baixos na carreira, mudanças de formações, debandadas gerais de músicos por duas vezes, fiascos, depressão, tragédias e etc, Blaze hoje se reergueu gravando a ótima trilogia de álbuns, “Infinite Entanglement” (2016), “Endure and Survive” (2017) e “The Redemption of William Black” (2018), com uma excepcional banda de apoio. Mas até isso ocorrer, Blaze firmou parceria com Thomas Zwijsen, um músico erudito e clássico que se aprofundou em violões de corda, e registrou alguns trabalhos de forma acústica, sendo o primeiro deles o “Russian Holiday” (2013), contendo versões intimistas de faixas do Iron Maiden. Cinco anos depois, a união voltou a acontecer e, com isso, “December Wind” veio à tona contendo 8 novas faixas e como bônus, as 5 faixas de “Russian Holiday”. Inclusive a violinista Anne Bakker, que também fazia parte do projeto original, completa a formação neste lançamento.
Das 13 faixas no total, são 7 novas faixas, 4 releituras da carreira solo de Blaze Bayley, e dois covers do Iron Maiden, sendo “2 am” e “Sign of the Cross”. Algumas dessas faixas, como “We Fell from the Sky” (com uma ótima atuação de Bakker) e “Soundtrack of My Life” (Blaze matou a pau nessa faixa), ficaram bastante interessantes nessas versões ‘desplugadas’, e outras como “Love Will Conquer All” e “Miracle on the Hudson” poderiam ser melhor aproveitadas em um álbum regular, já que Blaze conseguiu criar ótimas linhas vocais.
Em suma, “December Wind” poderia ser um excepcional trabalho de estúdio. Indicado apenas aos fãs que curtem a proposta acústica, que admiram o vocalista britânico e que querem ter tudo que o cara lançar. Eu pessoalmente, fico a trilogia citada acima que é puro Heavy Metal, o estilo que consagrou Blaze. Se diversão foi a proposta, o trabalho foi bem executado, mas que Blaze fica melhor soltando a voz contando com o apoio de uma banda de verdade, isso é praticamente indiscutível.
Mauro Antunes
Publicado originalmente no Metal na Lata