sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Bruce Dickinson entrevista Blaze Bayley

Rolou em 15 de fevereiro de 2008 uma entrevista que Blaze Bayley concedeu a Bruce Dickinson em seu FridayRock Show. 
Para aqueles que não querem ouvir ou não entendem inglês, disponibilizamos também a tradução dos momentos mais importantes da entrevista! Aproveitem:
Bruce: Quando você entrou no Maiden e tudo mais, eu vi o tanto de mídia que vocês tiveram, e foi algo exagerado, quer dizer, eu não consigo imaginar porque quando eu entrei na banda eu tive um pouco de atenção, mas a banda não era assim grande no mundo todo e tal, então, como foi isso pra você?  
Blaze: Tudo que eu fiz no Maiden, na verdade eu já tinha feito com o Wolfsbane, porque nós tínhamos atingido um certo nível, então nós fizemos vídeos, demos entrevistas e tudo mais. Mas no Maiden tudo vai a um nível tão exagerado que parece que você vai rachar ao meio. A fase de promoção do The X Factor durou 6 semanas, e em certo momento o Dave virou pra mim e disse “essa é a coisa mais difícil que eu já fiz”, pois nesse ponto já estávamos há seis semanas na estrada, e era só isso: “como é ser o novo vocalista do Iron Maiden?” e eu dizia “ah, é ótimo”, centenas de vezes, sabe. E realmente era ótimo, mas nesse ponto nós não tínhamos feito nenhum show ainda!
Bruce: Como você se sentiu, quando eu voltei à banda? Você sentiu como se tivesse sido deixado de lado, ou algo do tipo?  
Blaze: Hmmmm… acho que foi apenas questão de negócios. Sabe, não é sua culpa, nem minha. No final do dia alguém lá na EMI olhou o balanço de vendas e disse “bem, isso não está indo do jeito que deveria”, ignorando o fato de que naquela época, as vendas de CD’s estavam despencando no mundo inteiro. Todo mundo leva a culpa, e alguém tem que ser o bode expiatório, e naquela hora, provavelmente foi eu. Mas foi para o melhor do Iron Maiden, então, apesar de ter ficado bastante desapontado, eu não fiquei com raiva. O Iron Maiden precisava continuar sem mim, seja lá com que formação, ele deve continuar, porque é melhor para o Maiden.
Bruce: Falando agora da sua carreira solo, depois de deixar a banda, você lançou o Silicon Messiah. Eu achei o album realmente bom, achei realmente interessante.  
Blaze: Obrigado.  
Bruce: Eu gosto mais daquilo que você está fazendo agora do que das coisas que você fez no Maiden, acho que é mais sólido.  
Blaze: É, eu aprendi muito; musicalmente, a melhor coisa de ter passado pelo Maiden foi a quantidade de coisas que eu aprendi e a confiança que eu ganhei. Ter a Man On The Edge duas vezes no Top Of The Pops, ter o single no “top 10”, ter o The X Factor como número 1 em vários países pelo mundo e compor com a banda... então, quando eu fui fazer o Silicon Messiah, eu tinha confiança, eu sabia que conseguiria fazê-lo, eu sabia que eu era bom o bastante, porque eu já havia feito e provado isso. Eu tenho muito orgulho do Silicon Messiah. Algumas das músicas eu planejava trabalhar com o Maiden, se ainda estivesse com eles, mas na parte comercial, a gravadora não fez certo, o empresário não fez certo.... e por várias razões, eles lançaram o álbum na mesma semana do Brave New World. Então, realmente, do ponto de vista comercial, eu nunca tive chance. Quer dizer, por que você compraria o Brave New World e o novo álbum do Blaze Bayley, na mesma semana? Você TEM que comprar o álbum do Maiden. Eu nunca tive chance.
Bruce: Você acha que se tivesse tido um empresário e um lançamento mais agressivos, teria sido melhor para sua carreira?  
Blaze: Olhando pra trás, sim. Mas também, a situação agora está realmente boa. Agora eu tenho mais auto-confiança do que jamais tive, sobre a minha música, minha habilidade e sobre os projetos nos quais estou envolvido; então talvez eu não tivesse essa auto-confiança se não tivesse passado por este inferno do desconhecimento (risos).
Bruce: Certo, mas segure essa história, porque agora vamos tocar uma faixa que você escolheu anteriormente, Hollow Head, diga de onde surgiu essa música.  
Blaze: Bem, é uma história verdadeira sobre ter ido ao médico e então encaminhado ao psiquiatra, e aí ele inventa sua própria doença fictícia, quando ele diz que não há nada de errado comigo, exceto por eu não ter um cérebro. Então é por isso que se chama Hollow Head (NT: Cabeça Vazia). É uma doença bem singular.
Bruce: Eu tenho isso toda manhã.  
Blaze: Certo.  
Bruce: (risos)  
Blaze: Então, a música é sobre isso, e é toda baseada nas coisas que o médico realmente me disse. 

Sobre a recente reunião do Wolfsbane:
 
Blaze: Eu pensei em encontrar todos os caras e ver o que eles estavam fazendo e se estavam afim de se juntar e tocar algumas músicas, e todo mundo concordou. Nós íamos tocar duas músicas, mas no final acabamos tocando seis. E o show foi muito divertido. E então Ginger do Wild Hearts, ele conhece Jay (NT: Jay Walsh, guitarrista da banda de Blaze) porque Jay produziu algumas coisas do Wild Hearts, e ele disse “por que você não abrem alguns shows para nós?” Então nós fomos e nossa, foi absolutamente fantástico, é tão divertido estar juntos!  
Bruce: Vocês vão fazer mais shows, certo?  
Blaze: Nós faremos mais se conseguirmos arranjar tudo. Gostaríamos muito de ir ao Japão, porque nós todos já fomos ao Japão separadamente, em diferentes bandas, mas nunca estivemos lá como Wolfsbane, então nós adoraríamos fazer isso.
Bruce: E agora falando um pouco da sua carreira solo, a banda agora se chama “Blaze Bayley”.  
Blaze: Eu tive que mudar o nome, Bruce. Porque quando eu saí do Maiden, eu chamei a banda de BLAZE, mas ninguém sabia quem era. As pessoas me encontravam e diziam “Ah, Blaze, o que você está fazendo?” - “Eu tenho minha própria banda” – “Como se chama?” – “Blaze.” Mas, quando eu mudei para Blaze Bayley, como fez o Ozzy Osbourne, as pessoas falam “Ah, Blaze Bayley, ah sim, do Iron Maiden, do Wolfsbane”!
Bruce: Certo. Este é o Best Of, não é? É chamado apenas de “Blaze Bayley”, e está sendo vendido exclusivamente através do seu site, www.blazebayley.net 

Blaze: É, exclusivamente. Nós abrimos a loja há mais ou menos um mês, e tudo está indo muito bem.
Bruce: O cd está sendo lançado… Planet Blaze é o seu selo, não é?  
Blaze: Sim e não. O que estou fazendo é, eu decidi ter a minha própria gravadora, por ter sido tratado tão injustamente pela indústria da música. Eu pensei “bem, eu realmente quero ter meu próprio selo e fazer tudo eu mesmo”, porque, há cinco anos atrás, ainda havia aquele estigma, que se você lançasse seu próprio álbum por seu próprio selo, sempre havia aquela coisa de que não seria tão bom quanto se fosse lançado por uma grande gravadora. Agora, do jeito que a tecnologia evoluiu, as pessoas não pensam mais assim. Então, eu criei meu próprio selo e o primeiro lançamento da Blaze Bayley Recordings vai ser o meu novo álbum.  
Bruce: Excelente. Você já tem um nome pra ele?  
Blaze: Já, mas não posso revelá-lo exclusivamente aqui pra você hoje. Farei isso no futuro, se você me chamar de volta.  
Bruce: Aaaaah, te chamaremos de volta quando o álbum sair, com certeza.
Bruce: E sobre shows. O que você tem agendado?
Blaze: Nós vamos para a Noruega, fazer um show para o Clive Aid. Também para Helsinque, e no Reino Unido faremos por volta de 20 shows, em maio, para promover o lançamento do novo álbum. Vamos fazer também alguns pequenos festivais pela Europa. Nós vamos para… e aqui há algo que eu gostaria de pedir a você, especificamente, Bruce. Nós iremos para a Colômbia, em setembro.  
Bruce: Ah, é mesmo?  
Blaze: Sim. Agora, você pode dizer não, pode mesmo, não vou ficar ofendido, mas você também vai para a Colômbia, e vai antes de mim. Você poderia distribuir alguns flyers do nosso show? Você provavelmente vai caminhar pelas ruas, procurando por um Kebah (NT: rede de fast-food), quando estiver faminto depois do show…
Bruce: Nós faremos uma coletiva de imprensa, e com certeza alguém vai nos cobrar sobre uma volta, então vou dizer “é, não voltaremos em setembro, então vão ver o Blaze”  
Blaze: É! (gargalhadas)

Bruce: Acho que demora alguns anos pra que... parece que as pessoas tem uma certa dificuldade em ouvir sua carreira solo objetivamente.  
Blaze: É, sempre tem um julgamento, cara.  
Bruce: Na verdade, basicamente sua carreira teve que partir do fundo do poço, e então quando você começou a se erguer com seu próprio esforço, as pessoas começaram a falar “ah, muito bem, ele obviamente leva a sério esse negócio de música!”  
Blaze: (gargalhadas)  
Bruce: Quer dizer, é ridículo….  
Blaze: Como se não tivesse sido sério nos vinte anos anteriores!  
Bruce: Exato. É realmente idiota.  
Blaze: É, é o senso comum.
Bruce: Realmente. Então vamos à ultima música que você escolheu, e não acho que o título poderia ser mais apropriado. “Alive” (NT: Vivo) e que certamente não vai a lugar nenhum exceto no caminho ascendente, Blaze Bayley, obrigado por ter sido meu convidado especial hoje à noite.  
Blaze: Obrigado, Bruce, boa sorte na turnê.  
Bruce: Obrigado.  
Blaze: Agitando a bandeira e tudo mais.  
Bruce: Certo, tudo de bom!  
Blaze: Pra você também, Bruce.

 publicado originalmente no Iron Maiden Brasil
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