O site Iron Maiden Brasil, através de seu colaborador Elias Cavalheiro trouxe uma minuciosa
análise, faixa por faixa, do segundo
álbum da carreira solo de Blaze Bayley , "Tenth Dimension" (2002). Confiram:
*Forgotten Future: Apenas uma introdução. Não tenho porque
dar uma nota para ela serve mais para abrir a faixa seguinte
*Kill and Detroy: Uma faixa que da a impressão que serve
como protesto quanto a tirania de governos. Um motivo para isso se dá pelo uso
do termo “Mão Invisível” que aparece algumas vezes na letra da música. Para
aqueles que não manjam muito de economia, Adam Smith citava o termo “mão
invisível” que regeria a sociedade moderna no livro “A Riqueza das Nações”.
Esta mão em questão seria as leis do mercado que seriam determinantes nas
relações interpessoais e nos monopólios que se formavam das classes dominantes
no início do período econômico chamado de Liberalismo.
Sobre a música: melodia legal, refrão bem trabalhado, tem
uma harmonia e um ritmo bem trabalhados. 4 Eddies.
*End Dream: A letra é um tanto complexa e não será na
primeira vez que você conseguirá entender o que Blaze Bayley quer dizer
completamente. Aí vai o que eu consegui abstrair: a música fala sobre as
frustrações do personagem quanto à realização de seus sonhos. A letra não
especifica que tipos de sonhos são estes, mas expõe muito bem o desespero ao
encará-los, até os chama de Demônios.
Sobre a música: melodia meio bunda, não me surpreendeu,
achei indiferente. Mas não é uma música ruim. 3 Eddies.
*The Tenth Dimension: Outra letra que mete o pau no governo
e principalmente na maneira arrogante do homem governar. Utilizando-se de
certas artimanhas como a ira dos Deuses, o julgamento, etc. Tudo com o
propósito de prevalecer com a manutenção desse sistema. A escuridão que é
destacada principalmente no refrão é como o personagem se enxerga acerca desse
modo de vida.
Sobre a música: solo bom, letra ótima, é empolgante de se
ouvir. O refrão é feito de uma maneira que você consegue decorar e repetir com
facilidade o “Here I Am” e o “Must I Be”. 5 Eddies
*Nothing will Stop Me: Letra meio genérica, mas foi bem
trabalhada. Fala sobre um personagem (sempre quando eu disser personagem
entendam como alguém cujo sexo não é mencionado, pelo menos por enquanto) que
consegue ver as coisas além daquilo que elas realmente são, e por isso ele é
taxado como louco, a ponto dele duvidar de sua própria sanidade quanto à
maneira como ele enxerga o que está ao seu redor. O refrão deixa claro que ele
busca o que ele considera como verdade e que não será impedido por nada que o
ofusque.
Sobre a música: é legal, mas não é uma faixa que consegue
ter um destaque no álbum. Mas que por gosto dou 4 Eddies.
*Leap of Faith: O ritmo da faixa já é mais frenético em
relação as faixas anteriores, e a letra também ajuda muito no êxito dessa
atmosfera. A música fala basicamente sobre se arriscar, dar um salto de fé (que
é mencionado várias vezes no refrão). O solo dessa música é muito bonito, e
mais uma vez citando, a música como um todo te faz levantar e te dá motivação.
Essa motivação é para ele adentrar no mais profundo de seu eu interior.
Sobre a música: já descrevi tudo, e por ela conseguir fazer
todas essas coisas vai merecer a nota máxima, 5 Eddies.
*The Truth Revealed: Outra vez uma música de preparação.
Ouví-la ao vivo no show acústico é algo fora de explicação
Sobre a música: Por ser uma música de abertura, logo não
darei nota para ela.
*Meant to Be: Música que faz uma análise profunda de toda a
trajetória de vida do personagem, abordando as principais indagações e
barreiras/cadeias que o personagem viveu por toda a sua vida em sua psique.
Suas reflexões são expressas de maneira suave, e a medida que suas reflexões
vão tomando proporções maiores, a ponto dele questionar as circunstâncias que o
levaram a tomar tal rumo a música vai crescendo, que uma única pergunta o
rodeia durante toda essa reflexão. Que é “deveria ser assim?” O coral, a mulher
cantando, a preparação da bateria e o solo conseguem passar muito bem a ideia
do clímax de suas emoções. E por fim ele se declara liberto e diz que viverá a
vida por seus próprios méritos, que nunca mais cairá, ele não deve mais cair.
“Não deveria ser assim”. O personagem
desta música é o próprio Blaze Bayley. A maior evidência disso é pelo próprio
momento da carreira que ele passou, e até hoje nos shows ao vivo ele
interioriza e interpreta aquilo de uma maneira muito pessoal.
Sobre a música: É a melhor faixa do álbum, a mais profunda,
a mais bem trabalhada, Blaze Bayley interpretou muito bem a letra, até porque
ninguém melhor do que ele para fazer isso. Pois o mesmo passou pelos mesmos
problemas. Nota: 5 Eddies.
*Land of the Blind: Fala sobre a maneira que nós somos
cegados, a ponto de não olharmos para dentro de nós mesmos e enxergarmos nosso
próprios valores, e não a apenas seguir as ordens. O final é a parte mais
intrigante da música, pois nós nunca estamos totalmente libertos, quando você
pensa que está livre e que não é mais alienado é aí que você se aliena mais. O
sistema sempre quer que você pense que já sabe demais, para que você fique
sabendo de menos.
Sobre a música: ela é boa, ela mostra de um ponto de vista
mais pessoal a situação em que os homens são condicionados a pensar para que a
grande engrenagem do mundo não “entre em colapso” (abrindo aspas para esse
colapso, pois a partir do momento que você vai se libertando das cegueiras do
dia-a-dia, percebe que já estamos em colapso). 5 Eddies.
*Stealing Time: Agora que o personagem se libertou, ele
quer procurar as respostas para o enigma da vida, ele não encontra respostas na
ciência. Ele está disposto a sacrificar sua vida de enganações, virar as costas
para tudo àquilo que ele entendia como correto para assim compensar o tempo
roubado e alcançar a plenitude da “verdade”. Aqui que é o ponto crucial, o que
é a verdade? A verdade pode ser considerada “plausível” quando um fato acontece
num determinado ponto no tempo e no espaço que pressupõe um determinado ponto
de vista crítico de seu observador. Então o que é verdade para você, pode não
ser verdade para mim. Lembrando que isso tudo é baseado em um sistema aberto,
pois num sistema fechado como a matemática, por exemplo, 2+2 sempre resultarão
em 4 independente de onde você viva neste mundo. Por que eu to falando tudo
isso? Porque o propósito não só dessa música, mas desse álbum como um todo é
abrir a mente do ouvinte para que ele aprenda a enxergar cada situação com um
olhar diferente. E a partir da segunda metade do disco cada faixa lhe joga uma
pergunta que não é qualquer meia dúzia de palavras que vai explicar o que Blaze
Bayley quer mostrar.
Sobre a música: ótima, em todos os aspectos. 5 Eddies
*Speed of Light: Ela fala a mesma coisa, abordando sobre a
velocidade que o tempo passa sobre nossas vidas e como não nos damos conta do
que deixamos para trás. Mais uma vez Blaze diz para si mesmo de esquecer tudo
aquilo que ele considerava como verdade absoluta e redescobrir a existência em
si.
Sobre a música: Ela é objetiva, rápida em comparação as
grandes explicações implícitas e explícitas nas faixas anteriores. A melodia e
o ritmo ajudam a passar essa ideia, dando ênfase ao tempo, por isso que ela é
mais rápida. Nota: 5 Eddies também.
*Stranger to the Light: Blaze está a ponto de encontrar as
suas respostas que o perturbaram desde a primeira faixa. Com a ajuda de Deus
(não o Deus acusador, mas o Deus essência da vida) ele conseguirá por fim achar
o sentido e encontrar a luz. Na qual ele sempre se sentiu um estranho para com
a mesma. Ainda há certo receio de a escuridão o levar para a cova, como é mostrado
mais pro meio da faixa, mas no fim ele alcança a sua luz, sua felicidade
interior. Felicidade que ele batiza como sua “Décima Dimensão”.
Sobre a música: A música fecha o álbum assim como fecha as
angústias que ele tinha sobre os fatores externos (que eram expostas na
primeira metade do álbum) e aos fatores internos (na segunda metade do álbum).
5 Eddies.