sábado, 14 de fevereiro de 2015

Blaze Bayley - Londrina/Pr - Hush Pub (06/02/2015)


Por Felipe Sandoval

Após percorrer algumas regiões do Brasil, Colômbia e Bolívia com shows do projeto Metal Singers, que contava também com a participação dos vocalistas Udo, Ripper Owens e Michael Vescera, o perfomático e carismático Blaze Bayley está fazendo uma tour por algumas cidades brasileiras. A presença de Blaze em terras tupiniquins durante o início de cada ano já tornou-se uma tradição. Uma das incógnitas era qual banda daria suporte ao Blaze, já que o material de divulgação colocava como fazendo parte do evento em Londrina a banda italiana Lunar Explosion e o violonista Thomas Zwijsen. Quanto ao músico holandês, todos sabiam que faria um pocket show de abertura. Outra incógnita era o set-list: Blaze daria prioridade à sua carreira solo ou abrangeria a sua fase com o Maiden?
Indo a Londrina, eu mantive a esperança que a banda de suporte seria a The Best Maiden e que o set-list seria focado mais na carreira solo. Nada contra sua fase no Maiden que na minha opinião possui composições marcantes e emblemáticas, mas os fãs do Blaze em carreira solo sabem o quanto nós o admiramos e o acompanhamos nos anos pós-Maiden, já que a maioria dos álbuns são verdadeiras obras-primas do heavy metal.
Por volta da meia-noite subiu ao palco a banda italiana Lunar Explosion. Sendo assim, uma das incógnitas estava respondida: os italianos vieram ao Brasil abrir alguns shows do Blaze para divulgação do trabalho. Quanto à sonoridade e estilo da banda, nada de novo e surpreendente na medida em que executam um powermetal melódico com influências de Helloween dos anos 80 e algo de Judas Priest.
Na sequência entrou no palco o talentoso violonista holandês Thomas Zwijsen, conhecido por suas versões de clássicos do Iron Maiden no violão e por ter acompanhado o Blaze em sua banda nas gravações e tour do álbum King of Metal e do Ep acústico Russian Holiday. Thomas teve dificuldades para iniciar o set pois as caixas de retorno estavam dando microfonia e muitos estalos. Após uns 10 minutos de conversa com o técnico da mesa de som, foram feitos os devidos ajustes e Thomas iniciou o show, tocando clássicos do Maiden como Aces High, Revelations, Phantom of the Opera e Run to the Hills, como também a grande surpresa e um dos pontos altos da noite - Highway Star do Deep Purple. O mais impressionante foi ver Thomas conduzindo facilmente com seu violão o público inteiro do Hush Pub que o acompanhou cantando as letras.
Minutos após a saída de Thomas, por volta da 1 e meia da matina, sobe ao palco Blaze Bayley, acompanhado pela banda The Best Maiden, tocando a música Voices from the Past do álbum 'The Man Who Would Not Die', que diga-se de passagem ficou muito boa como início de show. Apesar do cansaço físico visível, Blaze não deixou se abater pela extensa tour e já no início agitou muito. Com sua performance carismática, intimou todos do Hush Pub pra pular e agitar. No entanto, no início parecia incomodado com algo - novamente, as caixas de retorno davam sinais de problemas, mas Blaze Bayley resolveu 'insanamente' e rapidamente: durante as duas primeiras músicas, retirou os retornos e os colocou em pé na frente do palco. Assim, as caixas de retorno funcionaram para o Blaze durante o show inteiro como uma extensão do pequeno palco do Hush Pub, pois ele não se conteve, cantando em cima delas rodeado pelos fãs. Assim a banda tocou o set inteiro sem qualquer retorno. 
Uma das surpresas do set-list foi Wrathchild, composição do Maiden da era Paul Di'anno, que sempre se encaixou muito bem na voz do Blaze. Entretanto, considero desnecessária a inserção de músicas do Maiden que não sejam de sua fase na banda, pois a carreira solo possui várias composições primorosas que não foram contempladas infelizmente no set como faixas dos álbuns 'The Man Who Would No Die' e 'Promissor and Terror'. Além disso, se é pra tocar músicas do Iron Maiden, por que não inserir 'Sign of the cross' e 'Como estais amigos'? A falta desta me surpreendeu, pois estava sendo tocada no projeto Metal Singers. 
A performance emocional de Blaze em Stare at the sun cativou a galera no Hush Pub. O vocalista ganhou potência vocal e evoluiu muito a sua interpretação com o passar dos anos. Nesse momento, percebi que muitos que estavam ali conheciam as composições da carreira solo, cantando as letras e vibrando. Impressionante também é a entrega de Blaze ao público ao olhar nos olhos de cada fã insanamente, pedindo para cantar e agitar.
Outras surpresas da noite foram 'Silicon Messiah', 'Ghost in the Machine' e 'Kill and Destroy'. Destaque para o baixista Lennon Biscasse e o guitarrista Lely Biscasse que executaram com perfeição e fidedignidade não só as músicas da carreira solo como também da era-Maiden. Diga-se de passagem, o baixista possui algumas semelhanças com Steve Harris fisicamente e nos trejeitos ao tocar. Em The Clansman, o Hush Pub veio abaixo com a introdução do baixo, tocada com perfeição. 
Ao anunciar a música Soundtrack of my Life e a coletânea que celebra 30 anos de carreira, uma fã subiu ao palco, abraçou e beijou Blaze em sua costeleta. Blaze, sorridente, continuou abraçado com a fã enquanto rolava a introdução da música e seguiu até o canto do palco, mostrando para a moça descer. São nesses momentos que o vocalista demonstra todo o carinho e envolvimento com os fãs. 
Ao final do show, Blaze Bayley pronunciou uma de suas falas tradicionais com algumas alterações: 'Não irei ao camarim após o show. Descerei aí e beberei cerveja com vocês no bar. Preparem as máquinas, pois tirarei fotos com cada um de vocês. Vocês tem medo de beber cerveja comigo?'. Repetindo várias vezes essa última frase, olhando para o público com um olhar insano e assustador, Blaze anunciou a música 'Fear of the dark'. Apesar de achar desnecessária por se tratar de uma composição do Maiden na era-Dickinson, ao ser cantada por Blaze atualmente percebe-se o quanto sua voz e interpretação evoluiu nos últimos 15 anos. 
Após a introdução da última música da noite, 'Man on the edge', a banda pára e Blaze grita: 'Scream for me Brasil'. Ironicamente ou não, já que essa frase é uma das marcas de Bruce Dickinson, Blaze começa a rir e questiona: 'aqui é o Equador?; aqui é o Paraguai?; aqui é a Colômbia?; aqui é a Bolívia?'. Após o público negar todos esses países, Blaze insiste questionando se estava na Argentina. Nesse momento, o Hush Pub em peso gritou 'NÃO' e Blaze bradou: 'Scream for me Brazil'; e assim a banda deu sequência na execução de um dos maiores clássicos do Maiden durante a era-Blaze Bayley, finalizando o show. 
É inegável o carisma e talento de Blaze Bayley, como também seu respeito e apreço pelos fãs. Assim como é inegável o profissionalismo e qualidade dos músicos da banda The Best Maiden que dá suporte ao vocalista em suas tours pelo Blaze. A energia que Blaze passa em seu show não mudou em nada em relação aos anos anteriores: agita, íntima o público para cantar e pular, enfim dá o sangue em cima do palco. No entanto, senti a falta de músicas dos álbuns 'The Man Who Would No Die' e 'Promise and Terror', obras-primas do heavy metal. Por outro lado, o excelente álbum 'Silicon Messiah' foi bem representado com 4 músicas, o que pode indicar o direcionamento do próximo disco, previsto para o ano que vem. Com isso, mantemos as expectativas para o lançamento de mais outro petardo de sua discografia. 






Set-list: 
Voices from the Past
The Launch
Wrathchild
Futureal
When two worlds collide
The Brave
Stare at the sun
Silicon Messiah
Ghost in the Machine
Virus
Kill and Destroy
The Clansman
Ten Seconds
Soundtrack of my life
Fear of the Dark
Man on the edge



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